Sínodo 2021-2024: Secretário-geral fala em «experiência sem precedentes», que quer mobilizar todos na Igreja

«Se uma porta estiver fechada, há outras portas às quais se pode bater», refere o cardeal Mario Grech

Foto: Arquidiocese de Braga

Braga, 16 nov 2022 (Ecclesia) – O cardeal Mario Grech, secretário-geral do Sínodo, disse à Agência ECCLESIA que o processo lançado pelo Papa em 2021 é “uma experiência sem precedentes”, em que todos podem participar, mesmo quando encontrem portas fechadas.

“Se alguém não encontra quem o ouça, peço-lhe que não perca a coragem, mas que procura alguém que o escute, noutro lugar. Se uma porta estiver fechada, há outras portas às quais se pode bater: alguém, com certeza, vai abrir”, indica o colaborador do Papa, que se encontra na Arquidiocese de Braga para uma série de encontros e conferências.

Francisco anunciou a 16 de outubro que o processo sinodal vai ser prolongado em mais um ano, com uma dupla sessão conclusiva, em 2023 e 2024.

O cardeal Grech destaca este facto “inédito”, considerando que o Papa “quer respeitar a voz do Povo de Deus”.

“As temáticas não são poucas e precisam de aprofundamento, de mais tempo”, explica, sublinhando a necessidade de “calma e responsabilidade” neste processo.

“Este é o momento para que todos, no Povo de Deus, tomem consciência do seu dever de dizer o que, na sua consciência, estão convencidos que o Espírito Santo quer comunicar à Igreja”, aponta.

É um apelo sincero, porque tanto o Santo Padre como eu repetimos, constantemente, que queremos ouvir todos, sem excluir ninguém. Não queremos que nenhuma parte, nem entre conservadores nem entre liberais, deixe de respeitar o Sínodo: este é uma carta em branco, os membros da assembleia querem receber o material para poder fazer um discernimento objetivo”

O responsável admite que alguns possam ter dúvidas sobre a sua capacidade de contribuir para o processo, mas insiste na necessidade de que todos participem, mesmo os “últimos a chegar” à Igreja.

“Vai em frente, supera qualquer medo”, aconselha.

A 16ª assembleia geral do Sínodo dos Bispos, com o tema ‘Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão’, começou em outubro de 2021 com um processo inédito de consulta e mobilização, de forma descentralizada, a nível de cada diocese, preparando os encontros continentais que vão decorrer nos próximos meses.

D. Mario Grech entende que, no centro deste debate, deve estar a preocupação com “o que falta para que a Igreja seja verdadeiramente sinodal”.

“Há muito a dizer e a fazer”, realça.

O entrevistado aborda, por exemplo, o processo para a tomada de decisão, que deve ser “informada” e implica “responsabilidade” por parte de quem decide.

Como o Papa diz, hoje ninguém se salva sozinho: nem o padre, nem o bispo, nem o Papa. Uma Igreja da escuta quer dizer que todos temos o dever de abrir o nosso coração para ouvir os outros, antes de tomar posições, decisões”.

A primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos decorrerá de 4 a 29 de outubro de 2023.

Foto: Agência ECCLESIA/OC

Para o secretário-geral do Sínodo, seria desejável que, entre as duas sessões, se registasse uma “oportunidade” de consulta das comunidades católicas.

“Esta não é uma experiência acessória, secundária, pelo contrário, é fundamental”, observa.

O colaborador sublinha que os participantes nestas assembleias não o fazem a “título pessoal”, mas em representação das suas comunidades.

Sobre a base dos Documentos Finais das Assembleias Continentais, até junho de 2023 será redigido o ‘Instrumentum laboris’ (Instrumento de trabalho) para o primeiro encontro mundial no Vaticano.

As assembleias continentais vão ser desenvolvidas de acordo com a seguinte divisão: Europa (CCEE), América Latina e Caraíbas (CELAM), África e Madagáscar (SECAM), Ásia (FABC), Oceânia (FCBCO), América do Norte (EUA+Canadá) e Médio Oriente (com a contribuição das Igrejas Católicas orientais).

O cardeal Grech sublinha que esta etapa continental, uma novidade do processo iniciado pelo Papa, integra ainda a “fase de escuta”, no processo sinodal, que tem mostrado a “paixão pela Igreja, paixão por Jesus”.

O Sínodo dos Bispos pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.

OC

A caminho da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de 2023, em Lisboa, o cardeal Mario Grech recorda que foi no Sínodo dos Jovens, em 2018, que nasceu o projeto de uma “Igreja sinodal e missionária”.

“Foram os jovens que colocaram este tema na agenda da Igreja, do Papa”, indica.

O colaborador do Papa revela que Francisco acompanha este processo com uma presença “atenta, assídua, pessoal”.

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