Sínodo 2021-2024: «Não falta a voz de ninguém», diz secretário-geral

Responsáveis do Vaticano dizem que Assembleia Sinodal vai promover «discernimento» sobre questões levantadas no documento de trabalho

Cidade do Vaticano, 20 jun 2023 (Ecclesia) – O cardeal Mario Grech, secretário-geral do Sínodo, disse hoje no Vaticano que o novo documento de trabalho para a próxima Assembleia Sinodal, é um texto em que “não falta a voz de ninguém”.

“Posso dizer que o ‘Instrumentum Laboris’ (IL) é um texto em que não falta a voz de ninguém: do santo povo de Deus; dos pastores, que garantiram com a sua participação o discernimento eclesial; do Papa, que sempre nos acompanhou, apoiou e encorajou a ir em frente. O IL é também uma ocasião para que todo o povo de Deus possa continuar o caminho iniciado e para envolver quem ainda não se envolveu”, destacou o responsável, em conferência de imprensa.

O colaborador do Papa falava aos jornalistas após a publicação do texto orientador para a primeira sessão da XVI assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, que vai decorrer de 4 a 29 de outubro, com o tema ‘Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação, missão’; Francisco decidiu que a mesma terá uma segunda etapa, em 2024.

O IL foi elaborado com base no material recolhido durante a consulta global às comunidades católicas, lançada pelo Papa em 2021, em particular os documentos finais das sete assembleias continentais, que decorreram entre fevereiro e março deste ano: África e Madagáscar (SECAM), América Latina e Caraíbas (CELAM), América do Norte (EUA/Canadá), Ásia (FABC), Europa (CCEE), Médio Oriente (com a contribuição das Igrejas Católicas orientais) e Oceânia (FCBCO).

O cardeal Grech considera que “não se deve temer que a escuta do povo de Deus tenha comprometido a função pastoral dos bispos”.

“Pelo contrário, o processo sinodal restituiu aos bispos um ministério fecundo, tanto como pastores de suas Igrejas quanto como membros dos órgãos colegiados chamados a realizar um discernimento preciso das contribuições da consulta, primeiro na Conferência Episcopal Conferências e depois nas assembleias continentais”, acrescenta o secretário-Geral do Sínodo.

Para o colaborador do Papa, os últimos dois anos representaram “um processo de profunda circularidade entre profecia e discernimento”.

“Queremos criar espaços para dar as boas-vindas a todos”, referiu, em resposta a questões dos jornalistas sobre passagens do documento que poderiam, alegadamente, contrariar a doutrina da Igreja.

D. Mario Grech admitiu que nem todas as perguntas apresentadas pelo IL, mais de 250, vão ter respostas até 2024, convidando a superar a tentação do “imediatismo”.

“Entremos nesta aventura do Espírito”, apelou.

Já o cardeal Jean-Claude Hollerich, relator-geral da próxima Assembleia Sinodal, sublinhou que é preciso “estar prontos para acolher as pessoas”.

O arcebispo do Luxemburgo disse confiar no “discernimento” dos participantes, que pode levar a outras perguntas e outras respostas.

“Um Sínodo é um ato de serviço de amor à Igreja”, observou, rejeitando a ideia de uma “agenda” escondida ou de “reuniões conspiratórias”.

“O que tivemos foi uma experiência de escuta, a nível local, diocesano, nacional e continental”, indicou, falando no respeito pelas preocupações emergiram do “processo sinodal” e que se estenderam, por exemplo, aos “migrantes e refugiados, crianças de rua, sem-abrigo ou vítimas de tráfico humano”.

O padre Giacomo Costa, consultor da Secretaria-Geral do Sínodo, falou da metodologia da XVI assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, precedida pela vigília ecuménica de oração e a iniciativa ‘Together’, de 29 de setembro a 1 de outubro, e um retiro de três dias, de 1 a 3 de outubro, sob a orientação de Timothy Radcliffe, religioso dominicano.

Os trabalhos sinodais vão decorrer, pela primeira vez, no Auditório Paulo VI, dado o aumento dos participantes, sendo dispostas mesas para grupos de 10 a 12 pessoas, agilizando assim a transição entre as sessões plenárias e os trabalhos de grupo.

OC

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