Irmã Nathalie Becquart sublinha importância de promover o diálogo, dentro da Igreja e com a sociedade
Lisboa, 17 mar 2022 (Ecclesia) – A irmã Nathalie Becquart, subsecretária do Sínodo dos Bispos, disse à Agência ECCLESIA que o processo sinodal que decorre até 2023, por iniciativa do Papa Francisco, coloca à Igreja o desafio de “escutar” todos.
“Temos papéis diferentes, na Igreja, mas temos necessidade de nos ouvirmos mutuamente, de reforçar o diálogo, em particular entre os pastores e os fiéis”, precisou a religiosa, que esteve em Fátima a convite da Companhia de Jesus.
Em declarações emitidas hoje no Programa ECCLESIA (RTP2), a primeira mulher com direito a voto numa assembleia do Sínodo destacou que “o desafio muito concreto para este processo sinodal é escutar a diversidade do Povo”.
“A visão da sinodalidade é a visão de uma Igreja inclusiva, onde todos os batizados são atores e protagonistas. Incluindo as crianças”, observou.
É realmente quando encontramos este sentido da Igreja como comunidade, com esta dimensão relacional – o facto de sermos irmãos e irmãs em Cristo, em primeiro lugar – que, como numa família, aprendemos a escutar-nos”.
A subsecretária do Sínodo destaca a importância do “estilo do discernimento”, na vida da Igreja, “ao serviço dos homens e mulheres deste tempo”.
“A sinodalidade é aprender a discernir, juntos, os caminhos a que o Espírito nos chama para anunciar o Evangelho ao mundo, para a missão”, precisou.
A religiosa falou em Fátima, no último sábado, perante mais de 2500 pessoas ligadas à Companhia de Jesus, que se reuniram para celebrar o Dia da Família Inaciana.
O padre Miguel Almeida, provincial dos Jesuítas em Portugal, disse à Agência ECCLESIA que a sinodalidade é a “grande marca” do Papa Francisco, visando uma Igreja “muito mais participada, ativa, discernida”
O religioso sustenta a necessidade de encontrar novos caminhos para a Igreja, numa sociedade cada vez mais acelerada que coloca grandes desafios a esse “discernimento”.
“Fazemos a experiência de um mundo em grande mudança”, em que as respostas automáticas se revelam “débeis e superficiais, muitas vezes”, observou.
Para o padre Miguel Almeida, é urgente superar o discurso “abstrato” que tantas vezes marcou as intervenções da Igreja Católica.
“É preciso aceitar que não temos resposta para tudo, trazer a nossa própria história para a relação com Deus e os outros, sabendo discernir, a partir da realidade, quais as decisões a tomar”, acrescentou.
OC