Sínteses de várias dioceses revelam que a fase diocesana mostrou «assembleias prontas a escutar e com coragem para falar»
Lisboa, 25 jun 2022 (Ecclesia) – Os responsáveis pela fase diocesana do Sínodo dos Bispos 2021-2023 consideram que a relevância da Igreja na sociedade depende da concretização da identidade sinodal do catolicismo e afirmam a “surpresa e o dinamismo” que o trabalho sinodal gerou.
“O desafio do Papa que à partida era simples, acaba por ser um exercício pessoal e comunitário difícil que é estar pronto a escutar e ter coragem de falar”, sublinha a coordenadora Comissão Sinodal da Diocese de Santarém, que admite que que a dificuldade converteu-se em impulso à medida que as assembleias experimentavam este estilo novo de encontro e partilha.
Maria Carlos diz que a diocese ficou “com a noção” de se ter sentado um pouco “para conversar sobre a Igreja” e sublinha que “esta experiência é a grande novidade que este processo traz”.
A experiência da Diocese de Santarém está em linha com o que se experimentou noutras dioceses, como mostrou a partilha feira nas Jornadas Pastorais da Conferência Episcopal que reuniram , em Fátima, os coordenadores sinodais diocesanos.
O padre Leonel Castro, o coordenador da equipa sinodal na Diocese das Forças Armadas e Forças de Segurança, sublinha a “surpresa” manifestada pelos grupos, quando lhes era pedida opinião sobre o tipo de presença da Igreja na instituição militar.
“Percebemos que estes homens e mulheres querem um Igreja próxima. Ao capelão não basta hoje celebrar missas, tem de estar no meio dos militares, ser próximo” salienta este capelão da Força Aérea.
Na diocese da Guarda, o padre Jorge Castela fala de “uma experiência extraordinária” e considera que este é o início de uma Igreja “mais aberta, mais inclusiva e mais participativa”.
Para responsável sinodal na Diocese da Guarda a síntese diocesana é “um desejo e um querer que a participação laical seja mais evidente, seja mais corresponsável e deliberativa”, e aponte para uma “participação mais alargada e menos clerical”.
Na Diocese de Vila Real, o padre Márcio Martins lembra a autoridade e decisão na Igreja que, segundo a síntese, deve envolver mais os leigos, nomeadamente as mulheres em particular.
“São as mulheres que asseguram hoje, em maioria, os serviços na Igreja. Porém, como não têm acesso aos ministérios nem ao sacramento da ordem, reclamam mais participação nas tomadas de posição”, refere o responsável sinodal na Diocese de Vila Real.
Na abertura dos trabalhos das Jornadas pastorais do episcopado, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa afirmou que este Sínodo não é uma experiência pontual, “é um sopro do Espírito”.
“Ou somos uma Igreja sinodal ou a Igreja vai ficar sem capacidade de penetração na sociedade”.
Os dinamismos do Sínodo vividos nas comunidades católicas e as linhas de força que resultam das sínteses diocesanas são o tema do programa 70X7 que pode ver este domingo na RTP2, excecionalmente pelas 7h30, ou minutos depois também aqui na Agência ECCLESIA.
HM/PR