«Diálogo, escuta e formação» foram pontos em destaque
Évora, 09 jun 2022 (Ecclesia) – A Arquidiocese de Évora apresentou à comunidade “algumas ideias fundamentais” das conclusões diocesanas da fase preparatória do Sínodo 2021-2023, convocado pelo Papa Francisco.
“Percebe-se que ainda há que caminhar muito no exercício do diálogo, de escuta e de formação. Entretanto há muitos que se identificam com os ideais do Evangelho mas são muito críticos em relação a certas atuações da Igreja”, disse o cónego Mário Tavares, da equipa sinodal da Arquidiocese de Évora, este domingo, na celebração da solenidade do Pentecostes.
O sacerdote salientou que há uma “grande dificuldade em caminhar e formar os jovens”, em ouvir os seus anseios, compreender as suas razões e as suas condutas.
“Formar os jovens à luz do Evangelho, às portas da Jornada Mundial da Juventude [Lisboa 2023], pressupõe ouvir para podermos caminhar juntos. Se a Igreja não for capaz de se comprometer com os jovens, também os jovens não se irão comprometer com a Igreja”, acrescentou o cónego Mário Tavares, a partir das conclusões diocesanas da fase preparatória do Sínodo dos Bispos.
Dos 10 pontos previstos no dinamismo do Sínodo dos Bispos 2021-2023, na Assembleia diocesana de Évora, inserida na celebração da Solenidade de Pentecostes, foram apresentados três pontos – ‘Caminhar juntos’, ‘Escutar’, e ‘Formar na sinodalidade’.
O documento final vai ficar disponível no sítio online da arquidiocese e será enviado à Conferência Episcopal Portuguesa.
Sobre o primeiro ponto, a equipa sinodal destacou que há, de um modo geral, nas comunidades “um núcleo de cristãos que com o pároco estão mais próximos entre si”, onde é notório um compromisso comunitário da fé, mas também existe “uma grande franja que não participa na comunidade”, e mesmo afastada “sentem-se cristãos no sentido lato do termo”.
“Mais complexos são as situações das periferias existenciais”, acrescentou o sacerdote, referindo que as comunidades cristãs sentem “grandes dificuldades em chegar”, e destacou vários tipos de solidão.
“Os idosos que vivem isolados nas suas casas; os portadores de algum grau de deficiência, que se debatem com inúmeras barreiras físicas e sociais, nomeadamente na arquitetura das igrejas e na falta de sensibilidade das comunidades; os que vivem em situações de rutura social, os divorciados, os de orientação sexual diferente, os de ideologias divergentes da cultura cristã, os de etnias minoritárias, e as mais diversas formas de marginalização”, exemplificou.
A partir do ponto ‘Escutar’, o cónego Mário Tavares disse que é o primeiro passo que se exige a quem quer caminhar juntos, e “deve começar pelo pároco com as pessoas mais responsáveis na comunidade”, afirmando que “é importante formar para a escuta”.
“Há ainda muitos preconceitos que dificultam a escuta dos que não pensam como nós e têm formas de vida diferentes das nossas”, assinalou.
Neste âmbito, a partir das conclusões diocesanas, identificou o “grande débito de escutar os jovens”, que as famílias desmoronadas, os casais divorciados e as mães solteiras “não têm grandes espaços para serem atendidas e escutadas nas suas razões”.
A celebração da Solenidade de Pentecostes foi presidida pelo arcebispo de Évora, D. Francisco Senra Coelho.
CB/OC