Padre Corrado Dalmonego marca presença na assembleia especial convocada pelo Papa Francisco
Cidade do Vaticano, 06 out 2019 (Ecclesia) – O missionário italiano Corrado Dalmonego, que trabalha na Amazónia, disse hoje que os exploradores ilegais de ouro são uma ameaça à terra e ao povo Yanomami, no Brasil.
“A maior ameaça para o povo Yanomami, hoje, é constituída pela invasão do seu território por milhares, dezenas de milhares de exploradores ilegais de ouro, conhecidos como garimpeiros”, referiu o religioso, dos Missionários da Concolata, há 12 a trabalhar na missão Catrimani, em Roraima.
O sacerdote falava a jornalistas portugueses no Vaticano, onde se encontra a participar, como auditor (ouvinte), no Sínodo especial para a Amazónia, convocado pelo Papa Francisco.
Para o missionário do Instituto da Consolata, a presença de garimpeiros tem “um impacto devastador para o meio ambiente, para a natureza e para as pessoas, seja ao nível da vida física, através da contaminação dos rios e dos outros seres viventes nessa floresta, seja na vida cultural e social das comunidades”.
A terra Yanomami, a maior área indígena do Brasil, tem 9,6 milhões de hectares distribuídos entre os estados brasileiros de Roraima e Amazonas.
O religioso trabalha “numa equipa missionária” que acompanha a vida do povo Yanomami em diferentes áreas, como a formação, educação, direitos, questões territoriais, mas também o trabalho de órgãos públicos no âmbito da saúde.
Questionado sobre o papel dos representantes católicos neste território, o responsável, autor de duas obras sobre a sua experiência de trabalho com os indígenas, sustenta que “nunca se impõe uma evangelização, a evangelização não existe fora de um diálogo”.
“Os Yanomami perguntam-me sobre o que Deus nos fala perante determinadas situações. Eles pedem-nos para rezar, por exemplo, para alcançar a cura de um doente”, explicou.
O padre Corrado Dalmonego integra o Conselho Indigenista Missionário, organismo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil que atua na defesa dos direitos povos indígenas e dos seus territórios.
O Papa Francisco anunciou em 2017 sínodo especial sobre a Amazónia, que arrancou hoje e termina no dia 27, com o tema “Amazónia: Novos caminhos para a Igreja e por uma ecologia integral”.
A assembleia especial conta com 185 padres sinodais, 113 de circunscrições eclesiásticas pan-amazónicas (pertencentes a 7 conferências episcopais); marcam presença 13 responsáveis da Cúria Romana, 15 religiosos eleitos pelo superiores gerais e 33 membros nomeados por indicação pontifícia.
A região tem uma extensão de 7,8 milhões de km2, incluindo áreas do Brasil, Bolívia, Perú, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa; dos seus cerca de 33 milhões de habitantes, 3 milhões são indígenas pertencentes a 390 grupos ou povos.
OC
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