Sínodo 2019: Assembleia denúncia impacto do narcotráfico sobre populações indígenas

Bispo colombiano fala em situação de «abandono do Estado»

Cidade do Vaticano, 10 out 2019 (Ecclesia) – Os participantes na assembleia especial do Sínodo dos Bispos para a Amazónia, a decorrer no Vaticano, alertaram para o impacto do narcotráfico sobre populações indígenas, nesta região sul-americana.

O tema foi abordado em conferência de imprensa por D. Medardo de Jesús Henao Del Río, vigário-apostólico de Mitú (Colômbia), um território marcado com 27 grupos indígenas.

O responsável católico falou da presença da “guerrilha” e do “narcotráfico”, além da pressão das “multinacionais” sobre os 44 mil habitantes distribuídos por 54 mil quilómetros quadrados, num cenário de “abandono do Estado”.

“A Amazónia nunca esteve tão ameaçada como hoje”, disse D. Medardo de Jesús Henao Del Río.

O bispo assinalou que a Igreja acompanha as comunidades indígenas, “capacitando-as”, e procurando “assimilar certos valores” que estão em comunhão com o Cristianismo.

A irmã Liliana Franco Echeverri, presidente da Confederação Latino-Americana e Caribenha de Religiosos e Religiosas (CLAR), falou aos jornalistas de uma Igreja “itinerante”, que faz “caminho com o povo”, apelando a uma “ética do encontro e do cuidado”.

A religiosa manifestou preocupação com o “tráfico de seres humanos”, em particular a “exploração sexual das mulheres”, e a violência doméstica.

Os participantes no encontro, que decorre até 27 de outubro, referiram no Vaticano que nalgumas regiões pan-amazónicas o cultivo de coca passou de 12 para 23 mil hectares, com efeitos “devastadores” devido ao aumento da criminalidade e do desequilíbrio natural do território, cada vez mais desertificado.

Outro dos temas em destaque tem sido o da criação de “ministérios próprios” para as comunidades católicas na Amazónia.

D. Wilmar Santin, bispo da prelazia de Itaituba (Brasil), foi à sala de imprensa da Santa Sé falar da sua experiência de criação de “ministros da Palavra”, 48 indígenas mundurucus, nove dos quais mulheres, a que se vão seguir ministros do Batismo e do Matrimónio.

O prelado destacou, ainda, o trabalho desenvolvido pela Igreja Católica para o fim das práticas do infanticídio – de bebés com deficiência ou de gémeos.

Na sexta reunião geral, que decorreu na tarde de quarta-feira, o Papa tomou a palavra para falar do que “mais o impressionou” até ao momento, informa o portal ‘Vatican News’; Francisco abriu os trabalhos rezando pelos “irmãos judeus” no dia do Yom Kippur, recordando depois as vítimas do atentado contra a sinagoga de Halle, na Alemanha.

OC

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Agência ECCLESIA

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