Presidente da confederação internacional da Cáritas, pede novas respostas pastorais para realidade que marca sociedade atual
Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano
Cidade do Vaticano, 22 out 2018 (Ecclesia) – O cardeal Luis Antonio Tagle, presidente da confederação internacional da Cáritas, disse que a questão dos jovens migrantes está no centro do Sínodo dos Bispos, que decorre no Vaticano, desafiando a Igreja a encontrar novas soluções.
“Quando passamos a contar com jovens que estão em fuga, que são vulneráveis porque são obrigados a forçar, há toda uma nova área de pastoral. Difícil, mas que irá renovar a pastoral juvenil em muitas partes do mundo”, referiu à Agência ECCLESIA o arcebispo de Manila, nas Filipinas.
À entrada da última semana de trabalhos da assembleia sinodal, o responsável sustenta que a atenção à realidade migratória tem sido “uma das bênçãos deste Sínodo”.
“Os bispos e, especialmente, os jovens de países onde há muitas migrações forçadas, dizem que as pessoas não querem deixar as suas casas, mas são obrigados devido à pobreza, falta de emprego, guerras, ódios. Isto tornou-se uma característica permanente na vida destes jovens”, precisou.
O presidente da Caritas Internationalis fala num “desafio” para a Igreja Católica, em particular na sua relação com os jovens, e para a sociedade, afetada por uma “atmosfera de separação, divisão, de incutir medo no outro”.
“Esta ideia de construir muros ou destruir pontes que foram construídas, isto acontece devagar. E nós podemos travá-la, ou pelo menos abrandá-la, com pequenas ações no dia a dia, com paciência”, sustentou.
O cardeal Tagle deseja, que todas estas realidades sejam vistas desde a perspetiva do “ser humano”, ouvindo das histórias de vida de todas as pessoas que deixaram a sua terra, para “caminhar juntos”.
- A confederação internacional da Cáritas iniciou este domingo, em Roma, uma caminhada de solidariedade com migrantes e refugiados que pretende completar 1 milhão de quilómetros em vários países, incluindo Portugal.
“Todos nós temos antepassados que já foram migrantes, e muitos de nós até agora temos um irmão, uma irmã, tio ou sobrinho que é migrante noutra parte do mundo. Por isso, apelo a todos os que estão a alimentar este medo dos migrantes: não se esqueçam disto, porque é a falta de memoria que nos torna vazios perante as outras pessoas”, adverte D. Luis Antonio Tagle.
O presidente da confederação internacional da Cáritas realça ainda o papel dos migrantes no “crescimento” de várias economias, que sem eles entrariam “em colapso”.
OC
A reportagem do Sínodo dos Bispos é realizada em parceria para a Agência Ecclesia, Família Cristã, Flor de Lis, Rádio Renascença e Voz da Verdade