Sínodo 2018: Jornadas anuais dos bispos portugueses abordam «pastoral juvenil vocacional»

Propor algo novo aos jovens será mais uma questão de «atitude» do que de «conteúdo», referiu o padre Fábio Attard, conferencista convidado

Fátima, 19 jun 2018 (Ecclesia) – Os bispos portugueses estão reunidos em Fátima para abordar a temática dos jovens, da pastoral juvenil e da dimensão vocacional, no âmbito do próximo Sínodo dos Bispos que vai decorrer em outubro deste ano, em Roma.

Em declarações à Agência ECCLESIA, o presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família salienta que a iniciativa “se enquadra numa caminhada sinodal que a Igreja Católica já está a fazer” e na qual “quer envolver toda a gente”.

Em cima da mesa no encontro magno dos bispos no Vaticano estarão pontos como “o acompanhamento” a dar aos jovens de hoje, com especial enfoque “na fé, no discernimento vocacional”, também “o espaço que eles têm nas comunidades paroquiais, e a integração dos jovens e o seu contributo para a evangelização”.

“Já temos refletido a vários níveis, agora estão os bispos a refletir, juntamente com os diretores dos secretariados diocesanos da Pastoral Juvenil e da Pastoral Vocacional”, apontou D. Joaquim Mendes.

Para apoiar o episcopado português nos seus trabalhos, que decorrem até esta quarta-feira, na Casa Nossa Senhora do Carmo, em Fátima, vieram a Portugal dois sacerdotes salesianos com um percurso ligado à Pastoral Juvenil: o padre Fábio Attard, que desde 2008 é conselheiro geral para a Pastoral Juvenil na congregação dos Salesianos; e o padre Mário Óscar Llanos, atual diretor da Faculdade de Ciências e Educação da Universidade Pontifícia Salesiana, o qual tem trabalhado a Pastoral Juvenil em ligação à Pastoral Vocacional e a Pastoral Familiar.

Na sua intervenção inicial, esta segunda-feira à tarde, o padre Fábio Attard privilegiou a abordagem aos resultados do questionário preparatório do Sínodo, que a Santa Sé enviou às dioceses de todo o mundo.

Contributos que ajudaram a formar um documento de trabalho para o Sínodo, que foi hoje formalmente apresentado no Vaticano, e onde os jovens deixam à Igreja Católica várias interpelações.

A começar pelas bases da fé, onde as respostas dos mais novos apontam para a necessidade de “rever a oferta da Catequese” e a sua “validade para as novas gerações”.

Depois na própria vivência cristã, com os jovens a alertarem para os desafios de uma sociedade que muitas vezes quer remeter a fé para um plano “puramente privado”.

As respostas dos jovens mostram também o empenho destes em participarem na vida da Igreja, no entanto, refere o documento, “por vezes esta disponibilidade depara-se com um excessivo autoritarismo dos adultos e dos ministros”.

“Em frente a estes desafios, que atitudes devemos não só gerar, mas também favorecer e fortalecer?”, interpelou o padre Fábio Attard, que frisou a necessidade de a Igreja Católica estar junto dos jovens “numa atitude de abertura, de escuta, de acolhimento”.

“Uma atitude e presença que acompanhe os jovens, que esteja com os jovens, nos seus contextos”, acrescentou o sacerdote salesiano.

No mesmo documento de trabalho, publicado esta terça-feira pelo Vaticano, os jovens apelam a uma Igreja cada vez mais próxima das dificuldades da sociedade, desde “a pobreza, o desemprego e a marginalização”, a desafios como “a toxicodependência, o alcoolismo, o bullying, os abusos sexuais e as taxas elevadas de suicídio” que tocam os jovens em vários países.

Passando também pelas novas tecnologias de informação e comunicação e a sua influência nas relações que os jovens (não) estabelecem.

No meio de tantos chamamentos, de tantas interpelações que hoje os mais novos recebem, os dados mostram que continua a haver espaço para a dimensão vocacional, cabe à Igreja Católica também identificar e estar nos locais onde a pergunta é colocada.

“O que quer Deus de mim, qual é o meu futuro, para onde vou, o que é que me espera, os jovens estão a colocar esta pergunta, e como é que a Igreja está a responder hoje? O desafio não está no conteúdo, o maior desafio está na atitude que a Igreja vai favorecer para escutar, discernir e propor algo novo aos jovens”, completou o padre Fábio Attard.

Outro dos oradores das jornadas pastorais do episcopado português, o padre Mário Óscar Llanos, focou-se no “conceito da vocação”, colocando-o “em relação com a situação dos jovens”.

“Creio que os jovens têm hoje um grande desafio ao nível da construção da própria identidade, também ao nível da relação com o outro, no começo de um projeto de vida, e a não ficarem parados no seu crescimento e desenvolvimento. A tudo isto responde a vocação humana que Deus nos dá”, referiu o sacerdote argentino.

Aquele responsável destacou ainda a necessidade dos bispos estarem também cada vez mais envolvidos no “acompanhamento dos jovens”, se não “de forma direta”, pelo menos naquela que é “a missão de animar as comunidades, para criar este sentido de Igreja em relação com as vocações, um sentido de responsabilidade comunitária”.

“É preciso estarmos atentos às questões dos jovens, mas por outro lado a Igreja Católica também tem muito para oferecer, ou seja, é um diálogo, um encontro entre duas verdades, o essencial é definir as coordenadas para que esse encontre se concretize”, concluiu o padre Mário Óscar Llanos.

Nas Jornadas Pastorais do Episcopado marca presença o núncio apostólico (representante diplomático) da Santa Sé em Portugal, D. Rino Passigato, que hoje vai ser alvo de uma homenagem, no âmbito dos seus 50 anos de sacerdócio.

JCP

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Agência ECCLESIA

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