Sínodo 2012: Igreja aponta aos «católicos inativos»

Assembleia de bispos entra em nova fase de trabalhos após duas semanas de debate sobre transmissão da mensagem cristã

Cidade do Vaticano, 19 out 2012 (Ecclesia) – O Sínodo dos Bispos que está a decorrer no Vaticano apontou os “católicos inativos” como um dos alvos prioritários da ação da Igreja, após quase duas semanas de debate sobre o tema da nova evangelização.

Os mais de 260 participantes na assembleia consultiva convocada pelo Papa – um número recorde – reuniram-se em 18 ‘congregações gerais’ desde o dia 8 deste mês e preparam agora a mensagem final que vão dirigir a toda a Igreja e as propostas que vão entregar a Bento XVI, até ao próximo dia 28.

O relatório que reúne as intervenções dos presentes fala na necessidade de uma “ação intencional e deliberada” em relação aos católicos que não participam na vida da comunidade e aos que “estão longe da Igreja”.

A 13ª assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, um organismo criado por Paulo VI em 1965, tem como tema ‘A nova evangelização para a transmissão da fé cristã’.

Segundo o relator geral do encontro, cardeal Donald William Wuerl, arcebispo de Washington (EUA), os trabalhos traçaram o retrato de um “tempo de desafios” em culturas “atingidas pelo processo de secularização” e pela “indiferença religiosa”.

“A Igreja deve enfrentar os desafios de um mundo que procura noutros locais as suas fontes de inspiração”, assinalou.

Os bispos do Porto e de Lamego, representantes portugueses, intervieram no Sínodo para pedir mudanças na presença e atuação da Igreja Católica.

D. Manuel Clemente, vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, afirmou que o tema em debate desafia à “redescoberta e aprofundamento da novidade constante de Cristo, nas atuais circunstâncias da Igreja e do mundo”.

D. António Couto, presidente da Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização, afirmou por sua vez que a Igreja “deverá ter a dinâmica das primeiras comunidades cristãs”, como um “átrio permanente da fraternidade aberta ao mundo”.

Os trabalhos prosseguiram hoje, na presença do Papa, com a apresentação perante a assembleia das sínteses dos chamados “círculos menores”, que reúnem os participantes em grupos linguísticos.

Segundo o portal de notícias do Vaticano, os bispos esperam que os católicos consigam “manifestar a esperança num mundo em crise” e que os políticos, em particular, atuem segundo “uma consciência reta”.

Os participantes sublinharam a necessidade de mudança, no seio da Igreja, com reconhecimento dos erros cometidos, e pediram que a nova evangelização tenha um olhar ecuménico e inter-religioso.

A assembleia sinodal tem sido marcada pela diversidade de temas e preocupações apresentadas, da secularização e relativismo na sociedade à imagem que os media transmitem da Igreja, passando por questões ligadas à liturgia e sacramentos, formação do clero, organização territorial, imigração, família, arte, cultura e direitos humanos.

Um grupo de representantes do Sínodo e da diplomacia da Santa Sé vai visitar a Síria, na próxima semana, para manifestar a solidariedade dos bispos e do Papa.

O secretário-geral do organismo, D. Nikola Eterović, anunciou que foi aberta uma conta bancária para recolha de donativos, que a delegação vai depois entregar em Damasco.

OC

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