Setúbal: «Vou fazer caminho» – D. Américo Aguiar (c/vídeo)

Novo bispo diocesano afirma que a nomeação de um cardeal sinaliza a renovação do Papa na Igreja e rejeita «expectativas de mudar»

Lisboa, 21 set 2023 (Ecclesia) – D. Américo Aguiar disse que deseja “fazer caminho” com os diocesanos de Setúbal, quer “lutar com eles” pelos seus sonhos e considera que os procedimentos de nomeação dos bispos devem “ser refrescados” para garantir a sucessão no “menor tempo possível”.

“Vou de coração aberto, fazer caminho com eles”, disse o novo bispo de Setúbal em entrevista à Agência ECCLESIA e à Agência Lusa.

D. Américo Aguiar, que vai ser criado cardeal pelo Papa Francisco no consistório de 30 de setembro próximo, foi hoje nomeado bispo da Diocese de Setúbal, que se encontrava em sede vacante desde março de 2022, após a saída de D. José Ornelas para Leiria-Fátima.

“É um grande desafio e eu não estou com tanto medo porque sei que aquela malta que lá está é malta de fibra e eu vou contar com todos eles e eles vão contar comigo para fazermos caminho”, afirmou.

Questionado sobre os problemas sociais que marcam a Península de Setúbal, D. Américo Aguiar disse que nunca deixou de “ter essa preocupação”, dispondo-se a lutar pelos sonhos dos habitantes da região.

Sinto as dores dos homens e das mulheres da Península de Setúbal que eu quero que continuem a sonhar! Eu quero lutar com eles por esses sonhos e quero que sejam poetas e quero que todos, todos, todos, sintam que é possível, com toda a liberdade, acederem a Cristo Vivo”.

D. Américo Aguiar é o quarto bispo da Diocese de Setúbal, sucedendo a D. José Ornelas, D. Gilberto Canavarro Reis e D. Manuel Martins, a quem se sente ligado por também ser natural de Leça do Balio na Diocese do Porto, onde os dois foram vigários-gerais e responsáveis pela Irmandade dos Clérigos.

O novo bispo de Setúbal recorda que visitava a região durante o tempo de seminarista e ouvia as “preocupações de D. Manuel Martins” sobre temas em que agora vai estar diretamente envolvido.

Estou contente, estou feliz, estou animado! Nem todos os portugueses têm de ir para fora do país para concretizar a sua vocação. Estou muito feliz e sinto verdadeiramente a mão de Deus nesta nomeação do Papa Francisco. É a minha cara, é a minha cara”.

Questionado sobre o facto de concretizar a renovação que o Papa Francisco deseja para a Igreja Católica, pelo facto de ter nomeado um cardeal para bispo de Setúbal, D. Américo Aguiar disse que não tem “dúvida nenhuma quanto a isso”, lembrando que Francisco “não gosta de nada que tenha o selo de ‘normal’”.

“O ser cardeal não é poder, o ser cardeal é serviço”, afirmou o também presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023, que coordenou a realização da jornada em Portugal.

Foto Agência ECCLESIA/TAM

D. Américo Aguiar disse que “todas as funções são dignas” e não há dioceses boas e outras más, rejeitando a “expectativa de mudar”.

“Há dias li – e concordo inteiramente, mesmo que isso implique com a minha pessoa – que quem está numa diocese não deve ter sonhos, nem projetos, nem expectativas de mudar. A gente deve mudar de uma diocese se morrer, ficar doente ou fizer 75 anos. São as regras normais. Ou então coloco mais uma: se o povo não nos quiser. Também é aceitável que exista essa possibilidade”, afirmou.

O novo bispo de Setúbal referiu-se também ao longo período em que a diocese esteve sem bispo, afirmando que isso “não deve acontecer”.

“Os procedimentos que existem devem ser refrescados, devem ser alterados, para que a sucessão seja garantida com o menor espaço de tempo possível”, indicou.

A Diocese é constituída por 57 paróquias ou comunidades equiparadas (“quasi-paróquias”), agrupadas em sete vigararias: Almada, Barreiro-Moita, Caparica, Montijo, Palmela-Sesimbra, Seixal e Setúbal, abrangendo uma superfície de aproximadamente 1500 km2.

PR

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