D. Américo Aguiar vai tomar posse a 26 de outubro, data da ordenação episcopal do primeiro bispo da diocese sadina
Porto, 21 set 2023 (Ecclesia) – D. Américo Aguiar, bispo de Setúbal, assumiu hoje a inspiração da figura de D. Manuel Martins, primeiro responsável da diocese sadina, para a sua nova missão, com particular atenção às questões sociais.
“Há muita gente que continua a gritar”, referiu aos jornalistas, falando no Paço Episcopal do Porto, diocese natal dos dois bispos, ambos naturais de Leça do Balio.
A tomada de posse do novo responsável vai acontecer a 26 de outubro, o mesmo dia em que, no ano de 1975, decorreu a ordenação episcopal de D. Manuel Martins.
A Missa de entrada solene está marcada para o dia 29 de outubro.
D. Américo Aguiar evocou a sensibilidade para as causas sociais do primeiro bispo sadino, considerando necessário continuar a ser “voz do que não têm voz”.
“Vou com esta pesada herança, ao encontro destes irmãos e destas irmãs, de todos, todos, todos”, apontou, em conferência de imprensa.
Na sua primeira saudação à diocese sadina, D. Américo Aguiar dirigiu-se a todos os membros da comunidade católica e da sociedade local, assumindo a “honra” por assumir esta missão, evocando a figura de D. Manuel Martins, falecido em 2017, “que se fez grande ao lado dos mais pequenos, dos mais pobres, dos mais esquecidos”.
Falando num “território cosmopolita, global”, pela proveniência da população, o novo responsável mostrou-se sensível a várias situações de dificuldade que marcam a Península de Setúbal.
“Estou disponível para ajudar tudo e todos, para fazermos um caminho”, declarou.
Apresentando-se como um “fazedor”, D. Américo Aguiar mostrou-se disponível para colaborar com autoridades e responsáveis da sociedade civil em “tudo aquilo que for necessário”.
O responsável adiantou que tinha deixado uma mensagem aos jovens de Setúbal, recordando o início do ano académico e as dificuldades de alojamento, sentidas por muitos alunos.
“É uma obrigação da Igreja e da comunidade, como um todo, encontrarmos soluções”, sustentou.
O Papa nomeou hoje D. Américo Aguiar, até agora auxiliar de Lisboa, como novo bispo de Setúbal, informou sala de imprensa da Santa Sé.
O responsável, que vai ser criado cardeal a 30 de setembro, por Francisco, assume uma diocese que se encontrava em sede vacante desde março de 2022, após a saída de D. José Ornelas para Leiria-Fátima.
Questionado pelos jornalistas sobre a crise de abusos sexuais, D. Américo Aguiar disse querer continuar a trabalhar da mesma forma, na Diocese de Setúbal, após ter presidido à comissão responsável pela proteção de menores, no Patriarcado de Lisboa, com “prioridade total” às vítimas, atenção à “prevenção” e tratamento de situações do passado e do presente”.
O responsável católico reafirmou o princípio de “tolerância zero”, considerando que “a Igreja tem de ser exemplar, nesta matéria”.
“Temos de fazer tudo o que estiver ao nosso alcance” para que as vítimas se sintam “acolhidas” e “protegidas”, acrescentou.
Para o bispo de Setúbal, este é um esforço que deve envolver toda a comunidade, lamentando que continuem a “acontecer demasiados casos”, em Portugal.
Natural de Leça do Balio, Diocese do Porto, D. Américo Aguiar nasceu a 12 de dezembro de 1973 e foi ordenado sacerdote em 2001; desde 2016, é presidente das empresas do Grupo Renascença Multimédia, tendo sido nomeado bispo auxiliar de Lisboa pelo Papa Francisco, a 1 de março de 2019.
O presidente da fundação responsável pela organização da JMJ Lisboa 2023 foi ordenado bispo no Porto a 31 de março de 2019, numa cerimónia que decorreu na Igreja da Trindade, sob a presidência do então cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente.
D. Américo Aguiar tem como lema episcopal as últimas palavras de Jesus na cruz, ‘In manus tuas’ (Nas tuas mãos), em homenagem a D. António Francisco dos Santos, falecido bispo do Porto, que o adotou também.
OC
O novo bispo adiantou que vai cessar as funções que desempenha no Grupo Renascença, continuando a trabalhar na Fundação JMJ para “fechar contas e processos”.
Quanto às contas da semana da Jornada (1 a 6 de agosto), D. Américo mostrou-se satisfeito, afirmando que “a Jornada Mundial da Juventude desta vez não correu mal nem deu prejuízo”. O responsável destacou que, do valor que a Fundação JMJ Lisboa 2023 conseguiu arrecadar, como superavit, não ficará “um cêntimo” na Igreja, seguindo para os Municípios de Lisboa e Loures, onde será “aplicado em projetos em prol dos jovens”. |