Setúbal: «Laicismo aposta na marginalização da presença católica em Portugal»

Encontro de Leigos homenageou D. Gilberto Reis nos 17 anos da sua entrada solene na diocese

Almada, Setúbal, 23 jun 2015 (Ecclesia) – O antigo reitor da Universidade Católica Portuguesa, Manuel Braga da Cruz, alertou para o perigo do laicismo, “movimento internacional potentíssimo” que defende um “espaço público neutro”, durante um Encontro de Leigos da Diocese de Setúbal.

“Laicismo não é confundível com a legítima laicidade das coisas temporais, a autonomia que o Concílio Vaticano II reconheceu às coisas temporais – ciência, política. Esta posição quer impor à totalidade da população a posição dos que não têm religião e a religião é inconcebível sem esta dimensão pública”, explicou, na iniciativa promovida pela Comissão Diocesana da Escola da Fé de Setúbal.

Manuel Braga da Cruz contextualizou que a “quase 90% da população portuguesa tem uma referência ao catolicismo”, um catolicismo cultural que depois não é visível – “no Parlamento, nos partidos políticos, nas associações sindicais e outros movimentos sociais” – porque existe “um deficit de representação católica” devido ao “processo de marginalização e é bom denunciar” mas também porque os católicos “demitem-se” das suas responsabilidades.

O especialista refletiu sobre o tema ‘O papel do leigo nos 50 anos do Concílio Vaticano II, os desafios de hoje e, que desafios para o futuro’ numa iniciativa que coincidiu com o 17.º aniversário da entrada solene de D. Gilberto Reis em Setúbal, este domingo no Santuário de Cristo Rei, em Almada.

D. Gilberto Reis recordou que a Escola da Fé foi reorganizada para proporcionar aos leigos o “crescimento” na sua formação, uma “marca do saber” na inteligência, na relação em “todas as dimensões do comportamento humano e ambientes”.

Sobre os 17 anos na Diocese de Setúbal, reconheceu que passaram “depressa”.

“Tentei fazer o que entendia ser a vontade de Deus. A avaliação pertence a Deus e pertence a este povo santo”, acrescentou o bispo de Setúbal que apresentou ao Papa Francisco a renúncia ao serviço episcopal, por ter atingido os 75 anos de idade.

À Agência ECCLESIA, Manuel Braga da Cruz disse que o Concílio “não está totalmente aplicado” e que a “consciência da Igreja não absorveu tudo” o que o Vaticano II “introduziu de novidade”.

“Aos leigos foi atribuída uma função única e insubstituível. A Igreja não pediu apoio, colaboração, foi muito mais longe e disse aos leigos que eram Igreja e que tinham uma missão que só eles podiam desempenhar”, analisou o conferencista para quem “nem todos os leigos” assimilaram devidamente essa responsabilidade.

O Encontro de Leigos foi a oportunidade da Comissão Diocesana da Escola da Fé de Setúbal homenagear D. Gilberto Reis e dar “rosto” a esta vertente pastoral que existe desde 2008.

“Agradecer ao bispo o quanto enriqueceu a diocese através da criação desta comissão e tem contribuído para a formação da fé dos adultos. Temos situações concretas de pessoas que têm-se tornado novas pessoas e novos cristãos”, disse Maria da Graça que pertence a esta comissão diocesana.

O programa da Escola da Fé, da Diocese de Setúbal, desenvolve-se em três anos de formação, com cadeiras bíblicas, pastoral e liturgia.

Para o leigo João Costa, o laicado é o “interface entre a Igreja e uma participação social, cultural, política”, estabelecer a ponte entre a fé e a vida.

“Estamos na sociedade e nos nossos diversos campo de ação e por isso é preciso perceber que temos de participar de forma consciente e é necessário discernimento e formação”, acrescentou.

HM/CB/OC

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