Setúbal: D. José Ornelas pediu atenção ao «próximo», alertando para o drama dos refugiados

«Vai e faz tu também o mesmo», é o desafio do bispo diocesano

Setúbal, 01 mar 2016 (Ecclesia) – A Sé de Setúbal acolheu a Catequese Quaresmal dedicada ao ‘Samaritano Misericordioso’ onde o seu bispo atualizou a parábola com “um perfil eminentemente prático” e desafiou os fiéis à atenção ao «próximo» que se “apresenta de um modo novo”.

“Basta abrir as nossas televisões, para que os problemas longínquos se tornem próximos, não só pela imediatez das imagens que dão conta dos dramas de todo o mundo, mas também pelas consequências globais que eles podem ter e igualmente pelas possibilidades de encontrar respostas, também a nível global. Ninguém pode dizer que não viu e que não sabia”, contextualizou D. José Ornelas.

Na terceira Catequese Quaresmal, enviada à Agência ECCLESIA, o prelado explicou que “hoje, a questão do ‘próximo’ apresenta-se de um modo novo” e as pessoas à beira da estrada “dificilmente conseguem levar a vida sozinhas”.

“Mesmo sem proferir palavra, fazem apelo a alguém que tenha coração, a alguém que seja o seu próximo, independentemente da distância a que se encontre, da sua raça, nacionalidade ou credo”, acrescentou, citando a poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen: “Vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar.”

D. José Ornelas referiu que a Parábola do Samaritano (Lc 10,25-37) realça a misericórdia de Jesus para com “os pobres, os pecadores e os infelizes de toda a espécie”.

A reação do samaritano perante quem precisa de ajuda “contrasta, de modo gritante”, com a atitude do líder religioso e político, com uma “atitude nova, ativa, comprometida, libertadora, luminosa, reconfortante”.

Neste contexto, o bispo de Setúbal destaca que o texto fala “precisamente” do modo como a misericórdia de Deus “continua a transformar o mundo” através das pessoas que são tocadas pelo “amor de Deus” e se tornam “misericordiosas para com todos os que precisam de atenção, de ajuda, de carinho”.

Na Sé de Setúbal, o prelado alertou para o facto do homem na beira da estrada “não” ter nome nem rosto e não se dá “nenhum detalhe da sua origem, condição social ou credo” sendo posto em evidência “apenas a sua carência, a sua incapacidade e o perigo de morte”.

“O critério fundamental para determinar quem é o próximo, em termos de atenção e de ação, não provém de nenhuma lei, de nenhum raciocínio moral ou religioso, mas da situação da pessoa. Particularmente as situações de dor, de injustiça, de perda de dignidade e de abandono constituem pontos particulares a pedir atenção, interesse e carinho”, desenvolveu.

Para D. José Ornelas, aquele “homem sem nome nem rosto” é a imagem do sofrimento, “dos problemas, da dor e da injustiça” que estão por toda a parte onde há pessoas que sofrem e “não são simples estatísticas ou conceitos”.

“Não tem quem lhe estenda a mão, quem grite por ele, quem defenda os seus direitos e a sua dignidade. Esta é a situação em que se encontram tantas pessoas, para não falar de grupos humanos, cidades e países inteiros, vítimas de injustiças, de guerras, de catástrofes naturais”, disse o prelado, pedindo para irem ao encontro deles “abrindo os olhos e o coração”.

“Entramos na lógica do ‘salve-se quem puder e lixem-se os outros’, ou encontramos salva-vidas para todos?”, questionou.

No domingo em que se concluía a Semana nacional da Caritas, D. José Ornelas assinalou que a parábola, de um perfil “eminentemente prático”, soa como “apelo a dar frutos de misericórdia, de solidariedade e de proximidade” com os que foram deixados pela vida à beira da estrada.

CB

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top