Resposta social da paróquia de Nossa Senhora da Conceição, em Setúbal, funciona apenas com voluntários e já realizou cerca de sete mil consultas
Setúbal, 15 fev 2021 (Ecclesia) – A Clínica Social Dentária, uma iniciativa social da paróquia de Nossa Senhora da Conceição, em Setúbal, é uma resposta suportada por 32 voluntários que ajudam a consolidar a “autoestima” com consequências na obtenção de emprego.
“O objetivo é servir os pobres. Na paróquia procuramos colocar os pobres no centro da nossa ação pastoral, a todos os níveis”, conta à Agência ECCLESIA o padre Constantino Alves, pároco da comunidade de Nossa Senhora da Conceição.
A atenção a uma população carenciada fez perceber que as respostas oficiais no campo da saúde oral eram deficitárias e caras para pessoas com dificuldade em pagar.
Na Clínica os serviços são pagos simbolicamente, “10 euros ou menos”, consoante o rendimento do agregado familiar, indicado por um diagnóstico feito pela paróquia a cada família e resulta devido à generosidade dos profissionais que partilham com os mais frágeis o seu trabalho.
“Com exceção de uma pessoa, a Clínica é composta por voluntários, 11 médicos voluntários de diferentes locais – Barreiro, Alentejo, Lisboa, Almada, Setúbal – assim como os assistentes”, explica o responsável.
O padre Constantino Alves dá conta da “alegria” dos utentes depois do tratamento, que lhes permite ganhar “autoestima” e com a saúde oral normalizada, obter emprego.
“Temos casos de pessoas que conseguiram trabalho depois de acompanhados na saúde oral: hoje, em certos serviços, olha-se imediatamente para a boca das pessoas e com uma saúde oral deficiente ficam quase excluídas”, destaca.
De segunda a sexta-feira, entre as 10h00 e as 18h30, a Clínica Social Dentária já ajudou cerca de 2200 pessoas a cuidar da saúde oral, num total de sete mil consultas.
A Clínica tem ainda um “serviço de prótese, parciais ou totais, feitas entre voluntários”, numa tarefa que o pároco sublinha ser “uma espécie de “milagre”.
“Não temos dívida financeiras, não recebemos apoios nem da autarquia, da Junta de Freguesia ou do Estado – temos uma única divida de gratidão aos 32 voluntários”, reconhece.
Num contexto de pandemia a frequência paroquial fez diminuir as presenças nos espaços paroquias mas não os pedidos de ajuda que continuam a aumentar, indica o padre Constantino Alves.
“Nota-se um grande medo e incerteza. Os meses de pandemia levam a um esmorecimento. Muitas pessoas perderam os empregos, muitos estavam a trabalhar na restauração, construção civil e hotelaria, em funções precárias que foram muito afretados”, lamenta.
A paróquia de Nossa Senhora da Conceição, em Setúbal, dispõe ainda de um serviço de rouparia, que recebe roupas que, depois de tratadas, são doadas a quem mais necessita e também um restaurante social, que serve a refeições a uma população carenciada.
As respostas sociais ligadas à Igreja Católica, perante a crise provocada pela pandemia, estiveram no centro da emissão do programa 70×7, este domingo, na RTP2.
HM/LS