D. José Ornelas destacou importância da contemplação e da poesia
Arrábida, 19 jul 2021 (Ecclesia) – O bispo de Setúbal encerrou este sábado as celebrações do centenário de Frei Agostinho da Cruz (1540-1619), apresentando esta figura como inspiração para uma “revolução a partir de dentro, do coração”.
“No mundo complexo e em constante e radical transformação em que vivemos, esta atitude de integração e de busca de sentido faz muita falta e Frei Agostinho da Cruz e a sua Arrábida continua a apelar à busca dessa chave de interpretação que integra o local e o universal”, disse D. José Ornelas, numa homilia enviada hoje à Agência ECCLESIA.
Falando na igreja de São Lourenço, em Vila Nova de Azeitão, o bispo sadino evocou “o nome mais emblemático da tradição contemplativa da Arrábida”.
“Ainda hoje continua, com a sua poesia, a ressoar na vida e na oração da Igreja e a atrair quem quer que se interrogue sobre o sentido da vida e do mundo”, assinalou.
O bispo de Setúbal observou que Frei Agostinho da Cruz e os seus colegas eremitas se mudaram “a partir de dentro e mudaram a montanha onde se inseriram”.
A montanha que eles admiraram sem destruir, o mar que cantaram sem poluir, ainda hoje falam, nas toscas construções que, há séculos, embelezam a paisagem e convidam a embrenhar-se no ser de si próprio e do mundo, para perceber a sua beleza, nobreza e também rudeza, como apelo a uma leitura integrada da vida, do mundo e do seu Criador”.
Ruy Ventura, comissário diocesano responsável pela celebração da memória do poeta Frei Agostinho da Cruz, nos 400 anos da sua morte e nos 480 do seu nascimento, assinala numa nota o percurso desenvolvido desde junho de 2018, com publicação de quatro livros, celebrações e conferências, uma exposição, palestras e visitas guiadas, entre outras iniciativas.
“O exemplo de vida e a poesia de Frei Agostinho da Cruz – esse franciscano arrábido que se recolheu, afirmando o seu amor a Deus enquanto liberdade e protestando contra a prepotência dos poderosos e a cegueira dos fanáticos – estão vivos, continuam muito incómodos e conservam uma enorme atualidade nestes tempos tão cinzentos”, escreve.
OC