Ser Família em Terra Estrangeira

VII Encontro de Animadores Sócio-Pastorais das Migrações, em Fátima, lança olhar sobre a condição migrante no feminino “Ser Família em Terra Estrangeira” é o tema em debate no VII Encontro de Animadores Sócio-Pastorais das Migrações, que decorre em Fátima entre os dias 12 e 14 de Janeiro. Organizado pela Obra Católica Portuguesa de Migrações, pela Caritas Portuguesa e pela Agência Ecclesia, e apoiado pelas Comissões Episcopais da Mobilidade Humana e da Acção Social, estarão presentes técnicos e voluntários que trabalham directamente com a população migrante, assim como profissionais de outras áreas que acolham a problemática das migrações como prioritária. É também objectivo deste encontro assinalar, em Portugal, o 93º Dia Mundial do Migrante e Refugiado promovido pela Igreja, à luz da mensagem escrita por Bento XVI. O Encontro conta também com apresentações de José Vilaça (assessor jurídico do Fórum de Organizações Católicas para a Imigração), Adriana Sabino (Direcção Regional das Comunidades da Região Autónoma dos Açores), Rui Marques (Alto-comissário para a Imigração e Minorias Étnicas) e o Pe. José Lobato (perito em Pastoral Familiar, da Diocese de Setúbal). Numa mesa redonda, apresentarão os seus testemunhos famílias imigrantes de África, Brasil e Europa de Leste a viver entre nós. No segundo dia do encontro os participantes vão também visionar o filme “Waiting for Europe” – À Espera da Europa, realizado por Christine Reeh, é o mais recente filme sobre as migrações. Rodado em Portugal, Espanha e Bulgária, aborda a problemática da imigração feminina para Portugal, centrando a sua atenção numa jovem, Vânia, que veio da Bulgária para viver em Portugal à procura da sua independência e de realizar o sonho de uma vida melhor. Vânia, passa por medos, decepções, esperanças e isolamento, enquanto tenta encontrar respostas para as grandes decisões da vida. A exploração das mulheres, as condições dos imigrantes e as barreiras sociais, económicas e culturais à integração da comunidade imigrante são alguns dos temas em destaque no debate que se seguirá após a transmissão do filme. Um “olhar profundo sobre a perspectiva feminina da imigração na Europa”, que pretende levar à reflexão sobre a Europa de hoje, a coexistência da diversidade religiosa, cultural e de cidadania nas cidades europeias e a criação de sistemas de defesa das culturas minoritárias. Um trajecto intimista Natural da Alemanha, Christine Reeh vive em Portugal há 10 anos. Esta realizadora aposta em documentários baseados em personagens fortes, tratando-os quase como actores e re-encena a realidade, trabalhando com luzes, enquadramentos e movimentos planificados. Desta forma, os seus documentários estão mais perto da ficção. Para “Waiting for Europe” – À Espera da Europa, Christine Reeh acompanhou durante dois anos Vânia e a sua família, quer em Portugal, quer em Espanha, ou mesmo na Bulgária. Na Bulgária, por exemplo, onde a equipa portuguesa passou 21 dias (desde realizadora, director de fotografia, produtor executivo, assistentes, etc.) todos prescindiram do seu Natal familiar e passagem de ano para estarem em convívio com a família de Vania. Só assim, com esta interacção, o filme entrou tão dentro da família búlgara. Só através da intimidade e da cumplicidade das personagens, é possível fazer cinema documental criativo, assim acredita Christine Reeh. O seu próximo projecto é um documentário criativo sobre a fé e sobre a vida de uma enfermeira de origem angolana Fátima, que com o apoio de instituições católicas presta auxílio médico aos estrangeiros e portugueses que vivem nas ruas de Lisboa. Para Christine não seria possível esta dedicação sem fé, por isso tem vindo a recolher imagens do trabalho de Fátima enquanto enfermeira, pretendendo abordar a energia solidária da fé, não só da fé católica, mas da fé em qualquer religião. Os quatro filmes anteriores de Christine Reeh são reveladores da sua forma de trabalhar. No “Mundo Silencioso” aprendeu a linguagem gestual para apreender a vida de um surdo e conviveu com pessoas com deficiência; no “Fio dos Limites” conviveu com Simone que tem paralisia cerebral desde criança; em “Olhar por Dentro” conviveu com uma criança cega do Alentejo e nos “Fragmentos de um Tempo Lento” filmou na Cruz Vermelha os antigos feridos da Guerra colonial (alguns em cama há 40 anos) e ainda os acidentados graves do IP5.

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