Ser família em Taizé

Agência ECCLESIA conheceu duas famílias que têm a marca da comunidade ecuménica no seu projecto de vida

O espaço Olinda, na comunidade de Taizé, está reservado aos casais e aos seus filhos até aos 14 anos. Este foi um desafio que os irmãos religiosos lançaram quando se aperceberam que muitos casais procuravam, em família, viver a experiência de fé. Neste espaço vive-se e partilha-se tudo em família.

Foi aqui que a Agência ECCLESIA foi encontrar dois casais que têm a vivência de Taizé marcada no seu projecto a dois.

Olívia e Jorge Sousa (na foto) vieram da Marinha Grande acompanhados pelos seus dois filhos, a Ana Filipa de 19 anos e o Miguel com 13. Esta não é a primeira vez que vivem a experiência de Taizé em família, mas esta é a primeira vez que celebram o aniversário do seu casamento nesta comunidade ecuménica. Este Domingo, celebram 23 anos de casamento.

As celebrações no meio de actividades juvenis e pastorais já são uma rotina. É com naturalidade que celebram o aniversário no meio de muitas pessoas. “O mais importante é partilharmos com os nossos filhos e com as pessoas que estão em nosso redor”, afirma à Agência ECCLESIA.

O escutismo foi, durante muito tempo, uma forma de estar nas suas vidas. Actualmente, Olívia e Jorge participam nas actividades juvenis na sua paróquia. Jorge Sousa afirma que é o próprio envolvimento paroquial dita a necessidade da “oração em família”.

A Olívia lamenta que em Portugal os jovens se percam. “Andam na catequese porque os pais querem, sempre que podem não vão à missa”, confirma. “Em Taizé o silêncio une-nos na oração. Já em Portugal, isto dificilmente se sente”.

Jorge assinala a necessidade de os jovens serem mais activos nas paróquias. “Eles têm muito para dar. Nós adultos, talvez ainda não tenhamos conseguido encontrar um forma de os envolver. O que é certo, é que eles estão aqui presentes. Existem e estão cá. Questiono é porque é que não estão nas comunidades portuguesas”.

Em Taizé, o dia-a-dia desta família é vivido em conjunto. A união é perceptível e a cumplicidade segue-os nos actos e nas palavras.

Partilhar a semana com outras famílias foi muito significativo para a Olívia. O Jorge acrescenta que estar com outras famílias ajuda a perceber que “os problemas e os desafios diários são vividos por muitos outros casais”. Apesar da diversidade, “temos muito em comum”. Jorge elege a união entre todos nos três momentos de oração que a comunidade religiosa organiza. “Afinal não somos assim tão diferentes”.

[[i,e,401,Marta e Gustavo]]Também o casal Marta Valador e Gustavo Faria estão a experimentar a partilha de ser família em Taizé. Este casal foi responsável pelo workshop dedicado à família que decorreu na tarde de Sábado. As mais de 50 pessoas que se juntaram para os ouvir, puderem perceber o projecto construído a dois e aberto a uma terceira pessoa. “Desde o princípio entregamos a nossa relação nas mãos de Deus e ele faz parte integrante da nossa relação, todos os dias e a todas as horas”.

Este casal de professores de Educação Moral e Religiosa Católica conheceram a comunidade ecuménica em França sendo alunos, na altura convidados pelos seus professores de EMRC para fazerem esta experiência de oração. Actualmente são os próprios e desafiar os seus alunos para uma semana de vida comunitária.

Marta considera que o que vive em Taizé “é possível viver em qualquer lugar”. Mas foi no Sul de França que sentiu a dimensão do perdão. “Posso existir com os erros que fiz e construir uma relação com Deus e com os outros. O verdadeiro perdão vivi-o em Taizé, mas posso experimentá-lo em qualquer lado”, frisa.

A comunidade de Taizé marca a decisão de se casarem. Esta era uma questão que vinha a ser amadurecida, mas que numa semana de silêncio se tornou certa.

Da semana vivida no espaço Olinda, Gustavo assinala a importância de “comunhão” com outras famílias cristãs que encontrou em Taizé. “Pude perceber que há outras pessoas no mundo que querem conceber a sua família como um projecto cristão”, assinala.

O seu filho, Simão, tem apenas dois ano e meio, por isso a interacção foi ainda limitada. “Mas ele já aprendeu a dizer «merci» apesar de nem o português falar ainda”, brinca a Marta.

Despois de uma semana, fica a certeza de quererem voltar para aprofundar o sentido cristão de ser família, para o casal e para o Simão.

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