Ser coerentes e autênticos na vivência da nossa fé

Nota Pastoral do Bispo de Angra para a Semana da Diocese À volta do Dia da Igreja Diocesana (5 de Novembro), vamos celebrar a Semana da Diocese (5-12 de Novembro), conforme foi sugerido na última Assembleia Geral Do Conselho Presbiteral. Trata-se de explicitar e promover o sentido de Igreja, com a consequente co-responsabilidade na sua vida e missão. 1. O que é que entendemos, quando falamos de Igreja? Referimo-nos concretamente à Igreja Local ou Particular, isto é, à Diocese. A Igreja não é uma abstracção. Tem corpo e vida, precisamente na Igreja Particular, ou seja, na Diocese (cf. Evangelii Nuntiandi, 62). E quando falamos de Diocese não estamos a referir-nos, tanto aos Serviços Diocesanos, quanto às comunidades cristãs, que formam aquela «porção do Povo de Deus, que se confia a um Bispo, para que a apascente com a colaboração do Presbitério, de tal modo que, unida ao seu pastor e reunida por ele no Espírito Santo por meio do Evangelho e da Eucaristia, constitui uma Igreja Particular, na qual está e opera a Igreja de Cristo, una, santa, católica e apostólica» (Chistus Dominus, 11). São estes os elementos essenciais, que «fazem a Igreja». Quando, na última sessão do Conselho Presbiteral, se debatia a situação financeira da Diocese, alguém, aventando a hipótese de um eventual «colapso económico» da Diocese, respondia que o essencial, para que a Igreja subsistisse e cumprisse a sua missão, seria garantir a sucessão apostólica, continuar a proclamar a Palavra e a celebrar a Eucaristia, a rezar e a viver o Pai-Nosso, animados e fortalecidos pela presença e acção do Espírito Santo. Belo acto de fé no Mistério da Igreja! E à luz desta fé no Mistério, da Igreja, que devemos enfrentar os problemas eclesiais, também a difícil situação financeira da Diocese. Os contornos do problema estão definidos e as causas são conhecidas. Trata-se agora de dar as mãos e, em Igreja e como Igreja, colaborar activa e co-responsavelmente na sua solução. Nesse sentido, o Conselho Presbiteral preconizou a Semana da Diocese, como mais uma ocasião de partilha e de entreajuda, em favor do todo diocesano, com a vantagem de isso ser promovido, no contexto celebrativo do Dia da Igreja Diocesana, com oportuna reflexão sobre o sentido de Igreja e de pertença diocesana. 2. Conforme o Programa Pastoral, a Semana da Diocese abre com a celebração do Dia da Igreja Diocesana em cada Paróquia. Eu presidirei à sua abertura em Santa Maria e ao encerramento na Sé Catedral de Angra, bem como a algumas celebrações ou encontros em S. Miguel (Ouvidorias das Capelas e Fenais da Ajuda, Pastoral Escolar). Tenha-se presente que o Programa prevê, em cada dia da Semana, acções específicas, atribuídas às Ouvidorias, aos Serviços e Organismos, aos Movimentos e Instituições (cf. p. 49), Trata-se, pois, de uma mobilização geral de todas as forças vivas da Diocese, em autêntica comunhão eclesial, que tem a sua fonte e máxima expressão na Eucaristia. A Eucaristia «faz a igreja», nomeadamente como Mistério de Comunhão afectiva e efectiva. Desde cedo, a celebração eucarística ficou marcada pela partilha de bens. Os que participavam na «fracção do pão» depositavam aos pés do Presidente da Celebração as suas ofertas, para ir ao encontro das necessidades da comunidade. Estamos lembrados da colecta, que S. Paulo promoveu junto das comunidades da diáspora, em favor da comunidade de Jerusalém, explicando que isso não era apenas um gesto de solidariedade, mas verdadeiro culto a Deus (cf. 2 Cor 9, 12). Por isso, exortava: «cada um dê como dispôs em seu coração, sem tristeza, nem constrangimento, pois Deus ama quem dá com alegria» (2 Cor 9, 7). 3. Será igualmente dentro deste espírito de fé, que devemos viver, logo a seguir, a Semana dos Seminários (12-19 de Novembro). O nosso Seminário abre este ano lectivo com 21 alunos: 4 do Secundário e 17 do Sexénio Filosófico-Teológico. Não são os números de outrora. Mas, no inverno vocacional, que a Igreja Católica atravessa no mundo ocidental, temos de dar graças a Deus, empenhando-nos cada vez mais, para sermos eficazes instrumentos de Deus que continua a chamar trabalhadores para a Sua messe. Importa que os vocacionados encontrem nas comunidades apoio e estímulo, para poderem tomar consciência do chamamento divino e terem a coragem da resposta generosa. O problema central das vocações sacerdotais está, sobretudo, nas comunidades. São, sem dúvida, dom de Deus, que deve ser pedido na oração, como recomenda Jesus. Mas só poderão desabrochar e amadurecer, em comunidades vivas. Por isso, urge que, em cada Ouvidoria, haja uma Equipa Vocacional, que superintenda e anime esse sector importante da acção pastoral. 4. Neste, como nos outros campos da acção pastoral, é sempre o mesmo problema de findo que vem ao de cima: a autenticidade da nossa fé. É preciso, com certeza, promover iniciativas de pastoral juvenil e vocacional. Mas ninguém, sem uma autêntica experiência de fé, experimentada no seio da família e da comunidade, pode mostrar-se sensível ao chamamento divino. Menos ainda, numa Igreja, que, embora não sendo perseguida, se deixe aliciar e se acomode aos mesmos critérios do mundo. O que temos de pedir insistentemente ao Senhor, na Semana da Diocese e dos Seminários, é que «aumente a nossa fé» e nos ajude a ser coerentes e autênticos na vivência da nossa fé. Há coisas que só Deus pode dar. A fé é uma delas. Antes de ser reposta do homem, é dom que vem do Alto. Com a parábola do amigo inoportuno, que acaba por ser atendido, pela sua insistência, Jesus recomenda a oração perseverante. «Pedi e ser-vos-á dado; procurai e encontrareis; batei e hão-de abrir-vos… Ora bem, se vós, sendo maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai, que está no Céu, dará coisas boas àqueles que Lhas pedirem» (Mt 7, 7-11). + António, Bispo de Angra

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Agência ECCLESIA

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