Semana Santa dos cristãos em Jerusalém

Padre José Nuno relata estes dias para a Agência ECCLESIA, na cidade onde Cristo entrou em glória e morreu na cruz

Jerusalém, 02 abr 2012 (Ecclesia) – As celebrações deste Domingo de Ramos que decorreram em Jerusalém, cidade central para o cristianismo, constituem “a maior manifestação pública dos cristãos”, considera o pároco, padre Feras Hijazin.

“A presença de tantos significa a afirmação do direito que sentem a ser respeitados, que esta terra lhes toca, que ninguém pode excluir a sua presença”, frisou o religioso franciscano ao sacerdote português José Nuno Silva, que vai relatar para a Agência ECCLESIA a Semana Santa em Jerusalém.

O pároco de Jerusalém estima em cerca de 20 mil os católicos que entraram na cidade para retomar o caminho feito por Jesus, que segundo a Bíblia foi recebido triunfalmente com palmeiras e ramos de oliveira por uma população que, mais tarde, haveria de pressionar o poder romano a condená-lo à morte.

A procissão, que demorou quase três horas a percorrer pouco mais de dois quilómetros, foi marcada por um protesto silencioso das paróquias católicas dos Territórios Palestinos contra os controlos de segurança impostos pelos israelitas.

Alguns fiéis transportaram painéis com a indicação dos quilómetros entre as suas comunidades e Jerusalém, “um modo de dizer que as distâncias são pequenas mas as dificuldades para chegar são grandes”, explicou o padre Feras Hijazin.

As autoridades de Israel distribuíram passes de quatro semanas para os cristãos dos Territórios da Autoridade Palestina poderem entrar em Jerusalém para as festas da Páscoa mas essas autorizações foram em “número insuficiente”, referiu o pároco.

“Só escuteiros, todos das paróquias católicas dos Territórios, estiveram muito mais de mil, número nem sequer sonhado em anos anteriores”, indicou o sacerdote, acrescentando que em 2012 “houve mais abertura” de Israel à realização da procissão.

O responsável pela Custódia da Terra Santa, organismo católico com cerca de 400 religiosos que guarda e preserva os lugares santos em Israel, Palestina, Jordânia, Síria e Chipre, sublinha que a procissão “é a única grande expressão pública, externa dos cristãos em Jerusalém”.

O padre Pierbaptista Pizzaballa calcula que a participação dos fiéis na celebração que abre a Semana Santa foi inferior ao número adiantado pelo pároco de Jerusalém, embora concorde que houve maior participação de cristãos árabes.

“Este ano, talvez por causa da crise económica na Europa, os peregrinos estrangeiros são muito menos. Deverão ter participado menos um terço das pessoas ”, afirmou o religioso franciscano.

Em contrapartida, realçou, “estiveram presentes muitos cristãos das comunidades de imigrantes em Israel, nomeadamente filipinos, latino-americanos e indianos”, apesar de domingo ser dia de trabalho.

Para o padre Hijazin o decréscimo de europeus foi também causado pela “falsa imagem de guerra e de insegurança que os meios de comunicação social internacional fazem passar”.

Os muçulmanos, que saíram à rua ver passar a procissão pontuada por guitarras, tambores e pandeiretas, manifestaram respeito, como sempre acontece: “Gostam e até ficam contentes”, afirmou o Custódio da Terra Santa.

As crónicas de Jerusalém do padre José Nuno Silva podem ser seguidas no blogue http://aquelesdiasaqui.ecclesia.pt/.

RJM

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