Celebrações de Ramos decorreram com assembleia, ao contrário do que aconteceu em 2020
Lisboa, 28 mar 2021 (Ecclesia) – A Igreja Católica começou hoje, com o Domingo de Ramos, a celebração da Semana Santa, este ano com celebrações comunitárias, ao contrário do que aconteceu em 2020, por causa da pandemia.
Nas suas homilias, os bispos portugueses aludiram, ao sofrimento provocado pela Covid-19 e à importância de celebrar os momentos centrais do calendário católico, que evocam a prisão, julgamento e morte de Jesus, com atenção às vítimas desta crise.
D. Manuel Quintas, bispo do Algarve, convidou os católicos a iniciar a Semana Santa “conscientes da exigência transformadora da fé, da esperança e da caridade, penhor da presença e da ação do Espírito Santo nos batizados, garantia de conversão e de fidelidade a Cristo”.
Nos Açores, D. João Lavrador afirmou que todos os cristãos devem seguir o caminho da cruz, fazendo-se próximos de quem mais precisa.
Para o bispo de Angra, é preciso “aceitar o caminho de solidariedade pessoal com os que sofrem, para carregar em si mesmo a ignominia do seu povo, para assumir as dores e as chagas de todos os excluídos, sem rosto, sem voz, sem pátria, sem dignidade e sem rosto humano”.
O arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, disse que esta é uma Semana Santa “em estado puro”, por causa da pandemia, considerando que o sofrimento é “sempre passagem”.
“Somos com e pelos outros. Crescemos juntos e vivemos interligados numa interdependências mútua: esta foi a grande lição da Covid”, declarou.
Enquanto existirem pessoas e famílias privadas de dignidade humana, a Cruz de Cristo é somente um objecto de culto e decorativo. Ela não permite que nos resignemos”.
O arcebispo de Évora, D. Francisco Senra Coelho, falou do simbolismo dos ramos como “rebentos de esperança de um povo que anseia por uma primavera sem fim”.
“São melodias que se insinuam inesperadamente num mundo ruidoso e de ritmos apressados. São símbolos de unidade numa sociedade fragmentada. São sinais do desejo de um poder assumido como missão e serviço ao amor, à justiça e à paz”, disse.
Na Guarda, o bispo diocesano convidou a “manter todas as cautelas” e cumprir as orientações para travar o avanço da Covid-19.
D. Manuel Felício manifestou satisfação pelo regresso das celebrações comunitárias, desejando que os católicos possam, nesta Semana Santa “parar, diante dos mistérios da Páscoa”, para avaliar as suas opções de vida.
D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima, presidiu à Missa de Ramos na Basílica da Santíssima Trindade, alertando para a necessidade de viver a Semana Santa na vida, na família, nos lugares de trabalho e de lazer, sem “cristãos adormecidos”, porque ninguém deve ser um “espectador” nesta história.
“Quem sou eu e como me coloco diante de Jesus, na sua Paixão?, questionou o cardeal, pedindo atenção ao irmão “sofredor, abandonado, excluído, necessitado”.
Em Lisboa, o cardeal-patriarca elogiou a “abnegação de muitos” em “tempos tão difíceis como estes, entre tanto sofrimento passado e tanta interrogação para o futuro”.
D. Manuel Clemente destacou os vários “gestos solidários” que se multiplicaram durante a pandemia.
“Em tudo o que houver de vida entregue, aí mesmo a cruz triunfa agora”, apontou.
D. Manuel Linda, bispo do Porto, falou na sua homilia do simbolismo da cruz, que apresentou como “farol para uma humanidade que precisa de encontrar um sentido para a vida”.
“Constitua esta Semana Santa mais uma ocasião para descobrir a vida que nasce do aniquilamento do Salvador. Porque a cruz é o único farol donde saem feixes de luz que são amor misericordioso”, apelou.
Na Catedral de Santarém, D. José Traquina convidou a viver a Semana Santa com “humildade, bondade, coragem”, manifestando “adesão a Jesus”.
“Aceitemos este Jesus, como Ele é, com a sua obediência, a sua humildade, e não como gostaríamos que Ele fosse”, apontou.
A Diocese de Viana do Castelo iniciou a celebração da Semana Santa com a celebração de Domingo de Ramos, na Sé, presidida por Mons. Sebastião Pires.
O responsável convidou os participantes a ler as “reações de Jesus em todo o seu percurso doloroso”, inserindo-se “na sua Via Sacra”.
Em Vila Real, D. António Augusto Azevedo convidou a “olhar e interpretar a vida de outra forma”, à luz do sofrimento de Jesus Cristo, perante situações de “solidão, angústia, receio”.
“Precisamos de celebrar esta Páscoa como oportunidade para aprofundar a nossa fé”, indicou.
D. António Luciano, bispo de Viseu, sublinhou que a Paixão de Jesus “continua a acontecer todos os dias”, como se experimenta nestes dias de pandemia e confinamento.
O responsável católico evocou os infetados pelas Covid-19, que é preciso “servir”, nas instituições de saúde, nas suas famílias e nas IPSS.
“Ninguém pode ficar indiferente, todos somos culpados desta morte, da morte deste inocente [Jesus Cristo], que se retrata nesta pandemia em tantos irmãos e irmãs”, apontou.
OC