Nota Pastoral do Bispo de Viseu Realiza-se, de 11 a 18 de Maio, a Semana da Vida, neste ano com o tema: “Vida com Esperança”. Inicia-se com a Solenidade do Espírito Santo e encerra-se no dia da Santíssima Trindade. É toda uma semana que nos centra na Vida como Dom e Qualidade, como Tarefa e Missão na Responsabilidade, como Sentido que precisa, procura e oferece Razões para viver. Na verdade, toda e qualquer Vida é chamada a crescer e aqui está já a sua principal razão de Esperança – realizar o seu projecto e cumprir a sua missão. O projecto é ser feliz em todo o seu percurso e dinamismo e ser feliz com quem partilha a existência; a missão é atingir a superação dos limites, concretamente – e porque é uma exigência intrínseca para a validade plena – o limite da morte. Contrariando a grandeza, a liberalidade e a autoria do dom da vida, há quem queira intervir na vida, normalmente de outrem. Para fugir à responsabilidade do não e à violência da opção alheia, não se pergunta, mas impõe-se, por vezes o não à vida, outras vezes uma qualidade negativa da vida, ainda outras a mudança do percurso, das condições e, até, da identidade da própria vida ou da de outrem. A Semana da Vida propõe-nos um tema que desafia: somente existe Esperança quando se deixa ao próprio as possibilidades de ser, de existir, de escolher e de decidir. Somente esta Esperança nos salva, permitindo-nos saltar, de esperança em esperança, até à “Esperança que vai mais além” e que cumpre todas as iniciais e dá, não só as razões para viver mas para viver uma vida que seja “verdadeiramente” vida. Nesta Semana da Vida, somos convidados a percorrer alguns “lugares de aprendizagem e de exercício da Esperança”. Nestes, a oração é a escola; o agir e o sofrer são os métodos e os conteúdos; o juízo final é o exercício, em plenitude e sem retorno, da autêntica e decisiva Esperança. Perguntemo-nos, então: que esperam os homens e as mulheres de hoje e em que é que apoiamos a nossa Esperança? Ultrapassando o domínio da razão e o progresso técnico e científico, “o homem é redimido pelo amor e não é a ciência que redime o homem”, como afirma Bento XVI. Isto é verdade ultrapassando o individualismo da Esperança, pois dizer “vida” equivale a colocar a existência como doação e a morte como a passagem para o além. A vida que é realmente vida é encontro com um Deus de rosto humano que nos amou até ao extremo (cf Spe Salvi, 31). Somos convidados, nesta Semana da Vida, a dar testemunho da Esperança à qual fomos e estamos a ser chamados, vivendo a Vida como um dom e uma tarefa, aprofundando o seu sentido ao serviço da realização plena da pessoa e da comunidade. Ilídio Leandro – vosso amigo e irmão bispo