D. Tomas Balduino, 87 anos, bispo emérito de Goiás Velho, co-fundador do CIMI (Conselho Indigenista Missionário) e da CPT (Comissão de Pastoral da Terra) retornou de Roma nesta Terça-feira, 31 de Março, onde participou, dos dias 26 a 29 de Março, das celebrações que recordaram o martírio de D. Oscar Romero, Arcebispo de El Salvador, assassinado em 24 de Março de 1980. Participaram do evento 38 deferentes organizações entre Igrejas, congregações religiosas e outras organizações civis. Os eventos recordaram também Martin Luther King e todos os mártires de nosso tempo ao redor do planeta. A semana teve por tema “A coragem da Palavra”, Uma celebração ecuménica, ocorrida na Igreja São Marcelo in Corso, no dia 27 de Março, reuniu ao redor de 350 pessoas de diferentes confissões religiosas. D. Tomas recordou que as Conferencias Episcopais de Medellín e Puebla, no espírito do Concilio Vaticano II, convocaram as Igrejas e a sociedade “respeitar o pobre na sua condição de sujeito”. Durante o culto também tomou a palavra a Pastora Ana Maria Maffei, presidente da União das Igrejas Baptistas da Itália. Ana Maria recordou que em nosso mundo hoje “a palavra é tantas vezes usada para esconder e para confundir a realidade que a juventude vive na incapacidade de crer em novas possibilidades”. “A Palavra é assim, nos a reconhecemos e depois nos reconhecemos nela. A força da palavra está em nossa capacidade de estar na estrada, junto ao sofrimento das pessoas”, reiterou Ana. Para finalizar ela recordou que “ainda hoje existem pessoas que colocam sua vida a serviço da justiça e da verdade e devem ser apoiadas”. Convocando a assembleia a um gesto concreto ela pediu que todos se recordassem do “dar a palavra ao que não tem a palavra” e lembrou como protótipo desta gente na Itália, o povo cigano. No domingo, dia 29, houve uma celebração que reuniu cerca de 300 pessoas na comunidade Latino Americana Santa Maria della Luce, em Trastevere, onde se reúne semanalmente a comunidade Brasileira em Roma. Devido ao tempo chuvoso a procissão foi substituída por um momento de partilha antes da missa. Gianni Novelli, do Comité romano Oscar Romero e da organização CIPAX (Centro Interconfessional pela Paz) e organizador do evento agradeceu a todos e disse que a celebração litúrgica deveria “transformar-se em um compromisso grande com estes que deram sua vida par que o reino de Deus se realize no nosso tempo e nesta situação”. Novelli convidou a todos a apoiar os grupos que exigem o fechamento da “Escola de América” na cidade de Columbus, na Geórgia, nos Estados Unidos, que serviu de suporte aos governos militares da América Latina dos anos 60 a 80. Durante a homilia D. Tomas recordou que “Romero foi assassinado por causa da Palavra. Existe ao mesmo tempo uma fragilidade e uma loucura da Palavra. Romero foi coerente com os compromissos do Concilio Vaticano II e sua aplicação à nossa realidade através de Medellín e Puebla na sua abertura ao mundo dos indígenas, dos camponeses, dos sem-terra e dos homens e mulheres de rua, etc.”. “Quando os pobres se tornaram sujeitos iniciaram os problemas com os militares, com o império. Primeiro fizeram explodir a sua estação de rádio, depois cortaram a sua palavra, mas tudo foi em vão, pois ele continua a falar através dos pobres que se organizam por um mundo melhor”. Texto e Fotos: Arlindo Pereira Dias, SVD – Roma