Segunda-feira Santa: Dia marcado pelo «acontecimento único», a unção de Betânia – frei Filipe Rodrigues

Frade dominicano vai apresentar os vários momentos da Semana Santa, numa proposta do programa ECCLESIA na Antena 1

Lisboa, 06 abr 2020 (Ecclesia) – Frei Filipe Rodrigues, religioso dominicano, assinala que a liturgia da Semana Santa apresenta hoje o relato evangélico da ‘unção de Betânia’, um gesto de uma mulher, ligado simbolicamente à sepultura de Jesus, considerando-o um “acontecimento único”.

“Quando prego nesta Segunda-feira Santa, costumo sempre salientar que esta mulher [Maria] fez o que lhe mandou o coração. Nestes momentos em que temos medo de estar com os outros também temos de seguir o nosso coração”, explica o frade da Ordem dos Pregadores, que até sexta-feira vai apresentar os vários momentos da Semana Santa, numa proposta da ECCLESIA, na Antena 1 da rádio pública.

No programa que é emitido esta segunda-feira, às 22h45, frei Filipe Rodrigues contextualiza que o Evangelho escolhido, “seis dias antes da Páscoa”, relata a ‘Unção de Betânia’, quando os pés de Jesus são perfumados, o que é um “acontecimento tão único, tão bonito que nunca mais se vai esquecer na história do Cristianismo”.

“Este perfume significa a nossa vida que deve ser ela perfumada. Este episódio está cheio de alusões à Pascoa”, acrescenta o religioso, destacando o “gesto profético” de mulher que “derrama” um perfume “muito caro sobre Jesus e enxuga os seus pés com os cabelos”.

 

A unção em Betânia (Evangelho segundo São João, 12,1-11)

Então Jesus, seis dias antes da Páscoa, foi a Betânia, onde estava Lázaro que Jesus ressuscitara dos mortos. Ora, fizeram-lhe ali uma ceia; Marta servia, e Lázaro era um dos que estavam reclinados à mesa com Ele.

Então Maria, tomando uma libra [300 gramas] de bálsamo de nardo puro, muito caro, ungiu os pés de Jesus e, com os seus cabelos, secou-lhe os pés. A casa encheu-se do odor do bálsamo. Disse Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, o que estava prestes a entregá-lo: «Por que razão não se vendeu esse bálsamo por trezentos denários (1) e se deu aos pobres?». Disse isto não porque se preocupasse com os pobres, mas porque era ladrão e, como tinha a bolsa do dinheiro, tirava o que se ia depositando. Disse, então, Jesus: «Deixai-a, para que o guarde para o dia da minha sepultura. Pois pobres sempre os tendes convosco, mas a mim nem sempre me tendes»

Entretanto, uma numerosa multidão de judeus soube que Ele estava ali e veio, não só por causa de Jesus, mas também para verem Lázaro, que ressuscitara dos mortos. Os chefes dos sacerdotes deliberaram, então, matar também Lázaro, porque, por sua causa, muitos se afastavam dos judeus e acreditavam em Jesus.

  • 1- Um denário (moeda romana de prata) era o pagamento normal por um dia de trabalho.

Frei Filipe Rodrigues recorda que no estudo da Teologia Bíblica, “e sobretudo do Livro dos Salmos”, se apresentam os salmos como poemas, “expressões da vida de um povo”, e com muita facilidade encontram um salmo que se adequa à vida, como o Salmo 26 desta segunda-feira que fala sobre contemplar a bondade do Senhor.

“Nesta batalha, nesta luta contra este vírus, temos Deus do nosso lado. É esta a confiança que nunca se perde, este horizonte que nunca se perde, sabermos que temos Deus do nosso lado e temos um Deus em quem confiar”, acrescentou, dando como exemplo a consagração realizada no Santuário de Fátima e a oração do Papa Francisco pela humanidade pelo fim da pandemia.

Ao longo da Semana Santa realiza-se um caminho de expectativa e esperança, segundo o frade Dominicano, como a vida que “é semeada de angústia e tristeza, mas também momentos de alegria e paz”.

“É com muita serenidade que ao longo destes dias da Semana Santa vemos Jesus a caminhar tranquilamente para o seu fim, para a sua morte, porque acredita na ressurreição”, destacou.

Frei Filipe Rodrigues contextualiza com a realidade atual do novo coronavírus, uma “situação de tristeza” porque estão “todos preocupados”, com “pessoas a sofrer, pessoas a morrer”, mas há também um “olhar de esperança, de que acabe depressa e que haja libertação e Páscoa também em relação a este Covid-19”.

“Estarmos mais em casa pode coincidir com tantas coisas boas, como uma aproximação de Deus, aproximação da espiritualidade, sermos mais profundos, valorizarmos as coisas mais bonitas e belas de cada dia, tudo são boas motivações para vivermos esta Páscoa infelizmente menos comunitária, mas por outro lado felizmente numa atitude de recolhimento e também acompanharmos Jesus neste sofrimento e aqueles que sofrem nesta Páscoa de 2020”, desenvolveu.

Ao longo desta Semana Santa, a reflexão de frei Filipe Rodrigues é acompanhada por uma sugestão musical ligada aos momentos da prisão, julgamento e morte de Jesus Cristo.

LS/CB/OC

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Agência ECCLESIA

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