Saúde: Médicos Católicos destacam importância de cuidar das pessoas na sua «globalidade»

Perspetiva de «Cristo Médico» marca encontro nacional do setor este sábado no Porto

Porto, 09 mai 2015 (Ecclesia) – A Associação dos Médicos Católicos Portugueses (AMCP), no âmbito do seu centésimo aniversário, vai promover hoje um encontro nacional no Porto dedicado à “Relação Médico-Doente”.

Em entrevista concedida à Agência ECCLESIA, o presidente daquele organismo, Carlos Martins da Rocha, admite que esta temática “se complicou” devido “às estruturas que hoje a enquadram, quer ao nível público quer privado”.

“Vivemos num tempo em que o critério da eficácia, nomeadamente em termos económicos, dos custos” e “o desenvolvimento da técnica” podem “também perturbar essa relação”, acrescenta o médico do Hospital de São João, no Porto.

Mesmo a “preparação” dada aos novos profissionais da Saúde nas faculdades de medicina “durante muito tempo esqueceu este aspeto fundamental, o que contribuiu para que se formassem médicos com alguma dificuldade no estabelecimento de relações proveitosas para os doentes”.

“Se tivesse aprendido alguma coisa nos meus bancos de escola sobre isto, se calhar aquilo que faço hoje poderia tê-lo feito mais cedo. Somos muito formados para a doença, para o diagnóstico, para a terapêutica a adotar, isolando um bocado isso da pessoa doente”, aponta o profissional de saúde.

Para abordar estes desafios, à luz da doutrina cristã, o programa do encontro nacional inclui uma conferência do padre José Eduardo Lima, assistente da AMCP, intitulada “O que tem hoje Cristo Médico a dizer aos Médicos”.

Um dos grandes objetivos da atual direção da associação, em funções há cerca de um ano, é que todos os seus membros privilegiem um contacto com os doentes “o mais semelhante possível com aquela que Cristo estabeleceria”.

Ou seja, cuidando das pessoas na sua “globalidade”, física, psicológica e espiritual, num esforço em que a fé é vista como um elemento “fundamental”, por exemplo no caso do apoio que é dado às pessoas em situação mais difícil, mesmo terminal.

“Podermos dar um sentido para o sofrimento, para a doença, dizer que a morte nesta terra não tem a última palavra, é muito importante e pode ajudar os doentes a viverem a sua condição de outra forma”, salientou o presidente da AMCP.

Destaque ainda, na agenda da iniciativa deste sábado, para a presença de oradores como os médicos João Lobo Antunes, António Sarmento e Luísa Viterbo; o economista Pedro Arroja, a professora Isabel Morujão, o padre e capelão hospitalar José Nuno Ferreira da Silva, a voluntária Cláudia Assis Teixeira e o enólogo e campeão de vela adaptada Bento Amaral.

Este último, que na sequência de um acidente de viação ficou tetraplégico aos 25 anos, vai “trazer a sua perspetiva à volta da doença” através de um testemunho intitulado “A vida vale sempre a pena ser vivida”.

O encontro nacional dos Médicos Católicos deste sábado no Porto tem início marcado para as 10h00 e é acolhido pelo Centro de Congressos da Seção Regional Norte da Ordem dos Médicos.

JCP

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