Simpósio da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa reuniu responsáveis das Misericórdias, CNIS e Cáritas
Lisboa, 24 mar 2021 (Ecclesia) – Os presidentes da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) e da Cáritas Portuguesa refletiram hoje sobre ‘a continuidade dos cuidados: entre a saúde e o social’, numa sessão online.
“Num contexto tão complexo como aqueles que vivemos – e com problemas também tão complexos do ponto de vista da saúde e social – não podemos ter para problemas heterogéneos, respostas típicas, e é ai que acabamos por ter alguma dificuldade”, disse a presidente da Cáritas Portuguesa, na 10ª sessão do Simpósio ‘InterAções’, promovido pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
Rita Valadas que o cerne da intervenção das instituições “são as pessoas”, propondo ideias-chave, como “interdependência, preparação da resiliência”, e “coesão na promoção da reposta aos vários níveis, de gestão, da resposta social do território e das pessoas”.
“Se a nossa preocupação é encontrar soluções para as pessoas, temos de olhar para as pessoas e temos de perceber que o aumento da complexidade dos problemas convoca, mais do que uma situação de integração, uma interdependência”, desenvolveu.
A partir do tema do encontro, Rita Valadas observou que a saúde e a ação social acontecem em todas as idades e existem problemas de saúde independentemente da idade, problemas sociais que nada têm a ver com a saúde ou “problemas sociais por causa de problemas de saúde”.
“Temos de nos preocupar com a continuidade do cuidado com todas as áreas, seja ação social, seja saúde, seja justiça, seja emprego”, acrescentou.
Manuel Lemos, presidente da UMP, assinalou que hoje é “um exercício fantástico de coragem, de dedicação e de responsabilidade” manterem muitas unidades em funcionamento por causa do “desfinanciamento total”.
O responsável alertou para o envelhecimento global da sociedade portuguesa e defendeu que “o pivô do envelhecimento” tem de “deixar de ser o lar, para ser o apoio domiciliário”, o que não vai significar que acabem os lares, mas significa “mais enfermeiros, psicólogos, especialistas”, e “vai exigir mais dinheiro da comparticipação pública e o Estado não tem dinheiro”.
O presidente da UMP também partilhou algumas recomendações, como a “necessidade absoluta” de uma plataforma política a nível dos ministros e dos parceiros da cooperação, que possa “emitir recomendação e novos caminhos a percorrer”, e a criação de gabinetes técnicos conjuntos, “com técnicos e quem está no terreno”, que, por exemplo, “analisem preços, procedimentos”.
Já o padre Lino Maia, presidente da CNIS, começou por indicar a visão da confederação num modelo de cuidados “centrado na pessoa e não nos cuidados”, numa perspetiva holística.
“Uma conceção que exige que a prestação de cuidados centrada na pessoa seja integrada com consistência, coerência, e continuidade”, acrescentou o sacerdote da Diocese do Porto que destacou “quatro grandes linhas determinantes” para o funcionamento adequado das unidades.
A Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, referiu o padre Lino Maia, constatou a necessidade de serem percorridos alguns “pequenos grandes passos” na caminhada pela integração e continuidade de cuidados entre o social e a saúde, como reforçar a cultura organizacional integrada e o modelo de intervenção integral.
CB/OC