Saúde: Competência sobrepõe-se a custos

Greve deve salvaguardar «superior interesse» dos doentes, diz vice-presidente da Associação dos Médicos Católicos

Lisboa, 11 jul 2012 (Ecclesia) – As capacidades dos médicos valem mais do que o seu custo e devem ser o parâmetro prioritário a avaliar pelo Estado quando os contrata, afirmou hoje o vice-presidente da Associação dos Médicos Católicos Portugueses (AMCP).

“O primeiro critério deve ser o da competência técnica e do mérito profissional”, frisou João Paulo Malta em declarações à Agência ECCLESIA, acrescentando que só se houver médicos que satisfaçam identicamente aqueles requisitos é que se pode escolher o que tem custo inferior.

A greve dos médicos marcada para hoje e amanhã em Portugal foi convocada, entre outras reivindicações, pela abertura de um concurso que pretende adquirir ao preço mais baixo 2,5 milhões de horas anuais em serviços nas instituições públicas, o que equivale ao trabalho de 1700 médicos.

A Ordem dos Médicos, a Federação Nacional dos Médicos e o Sindicato Independente dos Médicos querem anular o processo de contratação de empresas privadas, substituindo-o por concursos de recrutamento de médicos, que no entender daqueles organismos aplicam a legislação sobre as carreiras profissionais.

João Paulo Malta, que se pronunciou a título pessoal enquanto membro da Direção Nacional da AMCP, dado que a instituição não tomou posição sobre a paralisação, realçou que “o mais importante é os médicos terem sempre em atenção o superior interesse dos doentes”.

“Competirá a cada médico, dentro do seu local de trabalho, avaliar se a sua adesão à greve prejudica gravemente o interesse dos seus doentes”, sublinhou.

Se esta condição se verificar, “é obrigação deontológica do médico providenciar os cuidados que as suas capacidades profissionais lhe permitem e, eventualmente, não fazer greve”, salientou.

O responsável salientou também “os custos com a saúde são cada vez maiores”, pelo que “seguramente é necessária uma reforma” que deve ter “contornos mais políticos do que técnicos”.

O Estado “não terá, a curto prazo, capacidade para assegurar um sistema universal da forma como está concebido atualmente”, observou.

RJM

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