Santuários e Peregrinações no século XXI

IV Congresso Europeu de Santuários e Peregrinações está a decorrer na Alemanha O fenómeno das peregrinações é próprio de cada cultura. Em Portugal, um extenso roteiro de igrejas, mosteiros, ermidas e santuários marca o catolicismo desde há séculos. A Igreja Católica define os Santuários como “Memória, Presença e Profecia do Deus vivo”. Isso dá-nos conta da importância dos mesmos dentro do Cristianismo. Neste momento, já acontece anualmente o Congresso Europeu de Santuários e Peregrinações, organizado pelo Conselho Pontifício da Pastoral para os Migrantes e Itinerantes, onde se tenta estabelecer uma estratégia comum para receber centenas de milhões de peregrinos que todos os anos visitam os lugares santos da Europa. Em 2004, de 20 a 23 de Setembro, a cidade alemã de Kevelaer acolhe a IV edição do Congresso, sobre o tema: “ Ecumenismo da Santidade: a peregrinação ao inicio do terceiro Milénio”. Esta iniciativa nasce da compreensão dos santuários e peregrinações no mundo católico, para quem estes não se limitam a ser uma obra humana, mas também um “sinal visível da presença de Deus invisível”. Por esta razão, a Santa Sé tem exigido uma convergência de esforços humanos e uma adequada consciência dos papéis e das responsabilidades por parte dos protagonistas da pastoral dos santuários, “precisamente para favorecer o pleno reconhecimento e o acolhimento fecundo do dom que o Senhor faz ao Seu povo, através de cada santuário”. Em Portugal encontramos santuários de cariz nacional (como o Santuário de Fátima) ou de cariz regional (Bom Jesus da Vera Cruz, Braga), com concepções arquitectónicas que reflectem o ambiente envolvente: se a norte encontramos santuários de escadório, no centro e sul a solução encontrada serão os santuários de esplanada (como na Nazaré e em Fátima). João Paulo II, o Papa peregrino, assegura que as peregrinações aos santuários constituem “um momento especial de graça para a própria vida cristã”. Vivida como celebração da própria fé, para o cristão a peregrinação “é uma manifestação cultural a ser realizada com fidelidade à tradição, com sentimento religioso intenso e como actuação da sua existência pascal”, assinalava o Papa por ocasião do Grande Jubileu do ano 200. A Santa Sé não descura este aspecto e apresenta uma secção dedicada a “Turismo, Peregrinações, Santuários” no Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes. Apesar da sua longa história, é preciso perceber que as peregrinações têm uma nova dimensão numérica: há menos de cem anos, a maioria das pessoas nascia, viva e morria sem sair de uma área geográfica limitada. Hoje em dia, o Turismo Religioso potencia a peregrinação aos Santuários, havendo mesmo tentativas de refinar, em Portugal, a imagem tradicional do garrafão e o piquenique à porta dos locais de culto. Vale a pena referir que, segundo dados da Associação das Catedrais Europeias, cerca de 60% do património europeu visitado pelos turistas é religioso. As catedrais, os mosteiros, santuários e antigos caminhos de peregrinação continuam a atrair de forma significativa os homens e mulheres do nosso tempo: a peregrinação, com a sua forte componente de viagem, personifica de forma notável a busca espiritual de cada pessoa e não surpreende que a peregrinação esteja presente em todas as religiões. É através dos campos – “per agros” – que durante séculos as populações se deslocam de casa para exporem a sua fé e para esta ser reconhecida, para festejarem e aplaudirem o seu santo A peregrinação não começa com a partida, mas com os preparativos. Algumas peregrinações com data fixa, coincidentes com uma festa religiosa, começam logo mal se acaba a anterior. Em Portugal, essa realidade é bem visível nos nossos imigrantes, que regressam para festejar determinada festa na sua aldeia natal, ou para peregrinarem a Fátima.

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