Santarém: Museu diocesano apresenta peças cristãs que marcaram «herança de Luiza Andaluz»

Mostra está aberta ao público até dia 8 de abril de 2019

Foto Museu Diocesano de Santarém

Santarém, 22 out 2018 (Ecclesia) – O Museu Diocesano de Santarém abriu uma exposição sobre ‘a Arte Cristã na Herança de Luiza Andaluz’, fundadora das Servas de Nossa Senhora de Fátima e uma das figuras históricas da Igreja Católica na região.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, o padre Joaquim Ganhão, diretor daquele organismo, destacou uma mulher e religiosa que ainda pode ensinar muito à Igreja Católica e ao mundo.

“Ela vai-nos narrando Evangelho e esse é o desafio que as Servas de Nossa Senhora de Fátima têm pela frente, de continuar a narrar o Evangelho na cultura, nos ambientes, nas cidades que temos, e com os meios que temos”, salientou o também diretor da Comissão Diocesana para os Bens Culturais da Igreja.

O sacerdote salienta a importância de “colocar à fruição de todos” um património que até agora era mais “desconhecido”.

Entre as peças está por exemplo “um relicário com um dente de Santa Teresa de Ávila”, proveniente do acervo do Museu Nacional de Arte Antiga.

Um artigo que, segundo o padre Joaquim Ganhão, “de certo modo, explica, narra um pouco da espiritualidade fundante de Luiza Andaluz, que tem muito a ver com a sua ligação ao Carmelo”.

Estão também outras peças que “do ponto de vista artístico podem não ser tão significativas, mas que do ponto de vista afetivo e narrativo, no sentido de narrar o percurso e a vida de Luiza Andaluz e da congregação, são significativas”.

“Como memórias da família, como a própria boneca de porcelana que Luiza Andaluz usava para treinar a manufactura dos enxovais que ela fez durante tanto tempo, e as irmãs, o primeiro grupo de alunas, para as crianças pobres”, sublinha o sacerdote.

“São tudo pequenas coisas que nos ajudam a contar uma história, porque o Museu Diocesano está cá para contar e recontar esta história, que é a história da vida da comunidade cristã, da vida da Igreja também neste espaço”, completou.

De nome completo Luísa Maria Langstroth Figuera De Sousa Vadre Santa Marta Mesquita e Melo, Luísa Andaluz nasceu a 12 de fevereiro de 1877, no Palácio Andaluz em Marvila (Santarém), no meio de uma família abastada.

Graças a uma sólida educação católica, cedo nasceu na então jovem Luísa o desejo de dedicar a sua vida aos outros, através do apostolado e do ensino, do serviço aos mais carenciados.

Aos 16 anos tirou o diploma de professora primária e em 1923 abriu, numa casa que herdou dos seus pais, o Colégio Andaluz, instituição que hoje prossegue viva através do Politécnico de Santarém.

Fruto do seu desejo de consagração a Deus e aos outros, e da sua devoção a Nossa Senhora, fundou na mesma altura a congregação das Servas de Nossa Senhora de Fátima, que foi oficialmente reconhecida em 1939.

Luísa Andaluz manteve-se como superiora da congregação até 1953, altura em que se retirou para Fátima e se dedicou ao acolhimento aos peregrinos no Santuário.

Os seus últimos anos foram passados em Lisboa, onde veio a falecer, aos 96 anos, a 20 de agosto de 1973.

No legado deixado através da congregação das Servas de Nossa Senhora de Fátima, que têm um papel ativo na diocese de Santarém e na sociedade em geral, destaca-se o apoio a crianças carenciadas através da Fundação Luiza Andaluz.

As Servas de Nossa Senhora de Fátima dedicam-se ao trabalho em centros paroquiais, jardins de infância, lares assistenciais e hospitais, escolas públicas e no Santuário de Fátima.

Esta congregação está atualmente presente em Portugal, Bélgica, Luxemburgo, Brasil, Guiné-Bissau e Moçambique.

No dia 19 de dezembro de 2017, o Papa Francisco reconheceu o papel de Luiza Andaluz na sociedade e na Igreja Católica, ao reconhecer através de decreto as virtudes heróicas desta religiosa.

Eva Raquel Neves, do Museu Diocesano de Santarém, recorda que Luiza Andaluz “viveu aqui todo o turbilhão histórico a seguir à extinção das Ordens Religiosas em Portugal, à implantação da República, e mesmo com uma condição tão adversa ela nunca perdeu o seu objetivo”, deixando uma “ação social que ainda hoje é muito significativa”.

“Já que na Casa Madre Andaluz, e no Convento das Capuchas, atual Fundação Andaluz, não há ainda um lugar destinado para um espaço museológico – haverá, ou pelo menos é essa a intenção – procurámos fazer uma primeira abordagem, em que falando de Luiza Andaluz vamos também dando a conhecer património associado à congregação”, frisou ainda aquela responsável.

A exposição ‘Arte Cristã na Herança de Luiza Andaluz’, que tem como lema a frase que guia a missão das Servas de Nossa Senhora de Fátima, ‘Ornaverunt lampades’, expressão que implica prevenção, prontidão, serviço, vai estar patente no Museu Diocesano de Santarém até dia 8 de abril de 2019.

JCP

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Agência ECCLESIA

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