Santa Sé quer máxima atenção para o Sudão

A Santa Sé quer que a comunidade internacional mantenha um nível máximo de atenção sobre o Darfur, região ocidental do Sudão, para que esta não se torne numa das tantas guerras esquecidas no continente africano. O representante da Santa Sé junto no escritório das Nações Unidas em Genebra, D. Silvano Tomasi, refere à agência Fides que cpartilha o temor, várias vezes expresso pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan, de que a situação possa degenerar em um genocídio: “estamos a falar da aniquilação de um grupo étnico por parte de outros, com a cumplicidade ou a incapacidade de controlo do governo central”. O prelado define o problema nesta região “em termos de racismo e de domínio sobre os recursos e não numa dimensão religiosa”. O representante da Santa Sé, recorda que o conflito do Darfur está há poucos meses no centro da atenção internacional. “Na primavera passada, no curso de uma sessão da Comissão para os direitos humanos da ONU, foi apresentado um projecto de resolução no qual se alertava a comunidade internacional sobre um possível genocídio na região. Os países africanos e árabes opuseram-se à aprovação de um texto tão duro, e passou a uma resolução mais branda”, lembra. O arcebispo Tomasi destaca a dificuldade de acção internacional, neste momento, vincando que “Kofi Annan está a atentar impulsionar a comunidade internacional a intervir de qualquer maneira, mas a União Africana, que enviou ao Darfur os seus observadores tem uma certa reticência, principalmente os países islâmicos, em agir de forma directa nas questões internas de uma nação que faz parte do seu agrupamento”. “Isso paralisa os mecanismos internacionais para intervenção, esperemos para ver o que acontecerá no futuro”, conclui. Já hoje foi difundido pelo Vaticano um documento assinado pelo homem que João Paulo II enviou ao Sudão, o arcebispo Josef Cordes, onde se exige que as autoridades desse país e a comunidade internacional garantam a assistência às populações deslocadas, em particular as do Darfur, que estão em condições humanitárias alarmantes. “No final da sua visita, o enviado do Papa quer reafirmar, em linha com o que já indicou a Santa Sé, que é necessário que as autoridades sudanesas, em colaboração com a comunidade internacional, garantam a assistência e o regresso em condições de segurança às suas aldeias a todos que ficaram privados de tudo”, afirma D. Cordes, presidente do Conselho Pontifício Cor Unum. O prelado esteve no Sudão de 22 a 25 de Julho, visitando as regiões mais pobres dos arredores de Cartum, onde se encontram há mais de dez anos os deslocados do sul –de raça negra e de maioria cristã- por causa da guerra, e esteve no campo de Kalma, perto da cidade de Nyala. “Estas pessoas foram obrigadas a fugir e vivem em condições indignas do ser humano. A Igreja Católica, através da conferência episcopal local, Cáritas e outras agências cristãs, dá a sua contribuição específica e ampla para sustentar todos os que durante mais de vinte anos de conflito abandonaram as suas próprias casas”, afirma o enviado especial do Papa. O arcebispo Cordes considera que “com a contribuição de todas as populações do país é possível construir um futuro melhor para o Sudão”. Após ver a situação no Sudão, o arcebispo qualificou como “impossível de descrever” as condições de vida de milhares e milhares de pessoas. Desde Fevereiro de 2003, a região de Darfur, é cenário de um violento confronto entre dois grupos rebeldes – o Movimento para a Justiça e a Igualdade (JEM) e o Exército-Movimento de Libertação do Sudão (SLA-M)- e o exército regular sudanês. A guerra provocou mais de um milhão de refugiados e quase 30 mil mortos. Segundo a ONU, mais de uma centena de pessoas morre por dia no Darfur, por causa da fome e da guerra. Cerca de 30.000 pessoas foram assassinadas, na sua maioria africanos negros, e mais de um milhão teve de abandonar suas casas para transferir-se para outras regiões do país. Pelo menos 2,2 milhões de pessoas precisam urgentemente de ajuda médica e alimentar.

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