Santa Sé escreve aos budistas

Mensagem para a festa do Vekash, que lembra principais acontecimentos da vida de Buda, centra-se nos desafios levantados pela pobreza O presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso (CPDIR), Cardeal Jean-Louis Tauran, enviou uma mensagem aos budistas por ocasião da “Festa do Vesakh”, a sua celebração mais importante, em que são celebrados os principais acontecimentos da vida de Buda. O documento, divulgado pelo Vaticano esta Sexta-feira, destaca a importância de “reforçar os laços de amizade já existentes” e de criar outros, para promover “o bem-estar das nossas comunidades e da comunidade humana do mundo”. O Cardeal francês lembra em particular os desafios lançados pelo “extenso fenómeno da pobreza”, da perseguição desenfreada de “posses materiais” e do “consumismo”. No documento é lembrado que a pobreza significa, num sentido espiritual, o desprendimento que “nos permite usar os bens deste mundo como se não tivéssemos nada e, ainda assim, possuíssemos todas as coisas”. “Nós entendemos esta pobreza primariamente como um esvaziamento do próprio eu, mas vemo-la também como uma aceitação de nós próprios pelo que somos, com os nossos talentos e os nossos limites. Tal pobreza suscita em nós uma vontade disposta a escutar Deus e os nossos irmãos e irmãs, a abrirmo-nos a eles e a respeitá-los como indivídduos”, prossegue o Cardeal Tauran. Por outro lado, há uma pobreza que tem de ser combatida, como referia Bento XVI na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2009, uma pobreza que impede as pessoas e as famílias de viverem segundo a própria dignidade, “uma pobreza que ofende a justiça e a igualdade e que, como tal, ameaça a convivência pacífica”. Além disso, “nas sociedades ricas e desenvolvidas, existem fenómenos de marginalização, pobreza relacional, moral e espiritual: trata-se de pessoas interiormente desorientadas, que vivem diversas formas de mal-estar apesar da prosperidade económica”. O Vaticano agradece aos budistas o seu “testemunho inspirador de desapego e de contentamento com o que se tem”. “Entre vós, monges, monjas e muitos leigos devotos abraçam a pobreza «por escolha», que nutre espiritualmente o coração humano, enriquecendo de modo essencial a vida com uma perspectiva mais profunda sobre o significado da existência e mantendo o empenho de promover a boa vontade de toda a comunidade humana”, acrescenta a mensagem.

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