Santa Sé critica guerra no Iraque e denuncia terrorismo diante da ONU

A Santa Sé criticou na ONU a acção militar anglo-norte-americana no Iraque em 2003 e denunciou o terrorismo, naquela que foi primeira intervenção de um dos seus representantes perante a Assembleia-Geral da ONU. “A posição da Santa Sé em relação à acção militar é bem conhecida. Toda a gente pode ver que esta não levou a um mundo mais seguro, nem no Iraque nem fora deste”, declarou o arcebispo Giovanni Lajolo, secretário para as relações da Santa Sé com os Estados, segundo um texto divulgado hoje na página oficial do Vaticano. Esta intervenção foi a primeira proferida por um representante da Santa Sé, que tem estatuto de observador nas Nações Unidas, depois desta organização lhe ter atribuído em Julho o direito de se expressar na Assembleia-Geral anual sem ter de recorrer, como antes, a comunicados de imprensa. Qualificando o terrorismo de “fenómeno aberrante, absolutamente indigno do homem”, o arcebispo Lajolo afirmou que este “adquiriu agora dimensões planetárias: nenhum Estado pode pretender que está protegido”. “É por esta razão que, mesmo respeitando o direito e o dever de cada Estado de proteger os seus cidadãos e as suas instituições, parece evidente que não é com uma política unilateral mas somente graças a uma concertação multilateral que o terrorismo poderá ser combatido”, sublinhou. O prelado considerou que as raízes do terrorismo são “múltiplas e complexas”, sendo necessária “uma acção a longo prazo” para erradicar e “apagar a sua força maléfica contagiosa”. O discurso do arcebispo Lajolo também dirigiu um apelo aos israelitas e aos palestinianos para “rejeitarem todas as acções que possam destruir a confiança” e para “percorrerem com determinação e coragem” o Roteiro de Paz, plano preparado pela comunidade internacional para resolver a crise do Médio Oriente. A Santa Sé mostrou-se preocupada com a situação em vários países africanos, como o Sudão, a Somália e a região dos Grandes Lagos, que considerou “ensanguentadas pelo crescimento dos conflitos e, mais ainda, pelas guerras internas” Sobre o futuro das Nações Unidas, uma questão que será abordada na próxima semana, o representante da Santa Sé estima que será preciso atribuir à ONU “prerrogativas especiais que lhe permitam uma acção de prevenção dos conflitos em caso de crises internacionais e quando uma intervenção humanitária, ou seja uma intervenção visando desarmar o agressor, se torna necessária”. O prelado escolheu esta ocasião para reafirmar a necessidade de um controlo internacional “severo e eficaz” da produção e da venda de armamento, incluindo as armas convencionais. O arcebispo recordou ainda que o Vaticano “é favorável a uma interdição geral, sem ambiguidade, da clonagem humana”. Durante a sua intervenção, D. Lajolo evocou também “a honra para a Santa Sé de intervir pela primeira vez no debate geral da Assembleia- Geral” e transmitiu “os cumprimentos deferentes e cordiais” do Papa João Paulo II.

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