Cardeal D. José Tolentino Mendonça assinala que encerramento por causa do Covid-19 foi «naturalmente um sofrimento»
Cidade do Vaticano, 29 mai 2020 (Ecclesia) – O Arquivo e a Biblioteca Apostólica do Vaticano vão reabrir no dia 1 de junho, após o “sofrimento” provocado pelo encerramento por causa da pandemia Covid-19 e na certeza de que “toda crise pode ser uma oportunidade”, como afirmou o cardeal Tolentino Mendonça.
“Todos nos encontramos mais frágeis, mais pobres, mais indefesos, numa condição sem precedentes que requer um complemento de humildade, o reconhecimento de que muitas de nossas certezas são um valor precioso, mas também vulnerável, que o exercício de nosso conhecimento e poder são uma sucessão de reaberturas e recomeços”, escreveu o cardeal português, arquivista e bibliotecário da Santa Sé, num artigo publicado, esta quinta-feira, no jornal ‘L’Osservatore Romano’ da Santa Sé.
Nestas reaberturas, depois do encerramento a que “emergência de saúde obrigou”, por causa da pandemia do Covid-19, e que colocou a “maioria da equipa num regime de teletrabalho”, o Arquivo do Vaticano e a Biblioteca Apostólica da Santa Sé vão começar “uma reabertura gradual e limitada, como exigem as boas práticas”, a partir de 1 de junho, para os estudiosos e as admissões vão ser feitas por reserva online e com um regulamento específico.
“O encerramento imprevisível foi naturalmente um sofrimento para a Biblioteca e Arquivo Apostólico e para seus estudiosos, que subitamente mortificaram – no caso do Arquivo – uma dinâmica particularmente intensa de expectativas e atenção, associada a um nó historiográfico cuja relevância é reconhecida muito além do círculo restrito da comunidade científica”, assinala D. José Tolentino Mendonça.
O cardeal português recorda que “toda crise pode ser uma oportunidade” e isso aplica-se “em particular a uma realidade” como a do Arquivo e a Biblioteca Apostólica que depende da “consciência histórica da Igreja com a aspiração de torná-la um bem público para toda a humanidade”.
As duas instituições da Santa Sé, explica o seu responsável, são ‘lugar social’ muito mais do que um espaço físico, “um contentor neutro, distribuidor automático de documentação, mas uma encruzilhada polifónica de instâncias, funções, preocupações, obrigações, interesses e oportunidades”.
“Ouvir como um serviço à memória, abertura ao futuro como um exercício concreto de esperança, compromisso ativo como responsabilidade, são esses os princípios que nos permitem encontrar-nos com confiança recíproca e fraternidade autêntica, sabendo que todos somos mais medidos pela verdade do que medidores definitivos dela”, concluiu D. José Tolentino Mendonça, divulga o sítio online ‘Vatican News’.
Sobre a pandemia Covid-19 “disseminada em todo o mundo”, o cardeal português lembra que não foi “interrompida por fronteiras políticas, económicas e culturais” e “reabriu violentamente os olhos de uma sociedade cega pelo seu desempenho tecnológico e estrutural, sobre a vulnerabilidade intrínseca à condição humana, evidência nunca extinta no âmbito individual, mas decrescente no âmbito coletivo”.
O Papa Francisco criou D. José Tolentino Mendonça como cardeal no Consistório de 2019, no ano anterior, a 26 de junho de 2018, nomeou-o arquivista do Arquivo Secreto do Vaticano e bibliotecário da Biblioteca Apostólica, elevando-o à dignidade de arcebispo; Nasceu em Machico (Arquipélago da Madeira) em 1965, foi ordenado padre em 1990 e bispo a 28 de julho de 2018.
CB/PR