Miguel Oliveira Panão (Professor Universitário), Blog & Autor
”A vida é longa se soubermos como usá-la.” (Séneca)
Estejamos ou não conscientes disso, todos sentimos o significado da aprendizagem como a experiência mais transformativa de todo o ser humano. Eu acredito que uma ”aprendologia” seja mais do que uma ciência dirigida à aquisição de conhecimento e compreensão das realidades do mundo. É a lógica (logos) subjacente a uma vida orientada para a aprendizagem.
Eu acredito que o potencial humano floresce da experiência da aprendizagem diária. Aprender não é uma tarefa que executamos para sermos alguém. Ler é o nosso modo de ser e de nos tornarmos diferentes. Se fizermos da aprendizagem o fim último e a razão pela qual nos levantamos todas as manhãs, poderemos experimentar a evolução humana em tempo real.
Aprender é a razão de estarmos aqui. Sobreviver foi apenas a primeira fase da nossa aprendizagem, e tomemos consciência de como chegámos longe apesar de um humilde começo. Contudo, o olhar perdido de muitas pessoas a vaguear pelas ruas cabisbaixas fazendo vénia permanente à majestade do seu ecrã, leva-me a pensar se nos esquecemos das nossas origens.
Vivemos numa era da informação massiva, dando-nos a impressão de saber sobre tudo o que há para saber e estamos satisfeitos com essa possibilidade. Mas quanto compreendemos, realmente, daquilo que sabemos? Sentimos como a falta de tempo chega ao profundo sentido que temos do nosso próprio valor, mas temos tempo suficiente se aprendermos a usá-lo bem, aumentando o nosso capital de aprendizagem.
O ser humano começou como um indivíduo entre muitos, mas a partir do momento em que partilhámos o que aprendemos, tornámo-nos comunidade, uma família. Descobrimos o segredo do legado e imprimimos uma inesperada dinâmica de aprendizagem a este mundo. Mas questiono se estaremos cientes desta unicidade.
Precisamos do próximo passo da evolução humana. Aprender trouxe-nos até onde estamos hoje. Quando (re)descobrirmos o gosto por aprender, daremos início a uma narrativa que nos levará ao próximo passo evolucionário na direcção de um profundo e relacional sentido de si mesmo e de pertença. Chegou o tempo de acordar e viver conscientes da razão de termos sido criados para amar e aprender.
Por algum tempo, tenho pensado no lado poliédrico da aprendizagem com as suas diferentes faces e nuances. Quando escrevo sobre aprender, penso na procura interior mais do que em qualquer outra coisa e dou-me conta de como aprender é experiencial.
Qualquer pensamento sobre aprender oferece-te a esperança de incutir uma pequena inspiração para começares um caminho de aprendizagem ao longo da vida.
Um caminho único porque tu és único.
Meditar sobre a aprendizagem é pensar no coração humano de cada pessoa, independentemente da sua geração, porque acredito que aprender é a única coisa que podemos viver desde que nascemos até morrermos.
Pensamos pouco no que vivemos quando aprendemos. Há tanta coisa neste mundo para capturar a nossa atenção, mas aprender parte, por vezes, da mais simples e inocente questão.
Cada momento de aprendizagem é um humilde começo no caminho em direcção a uma longa vida a aprender. Quem me dera que cada pessoa se sentisse inspirada a descobrir a beleza de fazer da aprendizagem a razão de cada respiro. 
P.S. – Este texto foi baseado na introdução ao meu novo livro escrito em Inglês “Learnology – Searching for the Meaning of Learning” (Amazon)