Roménia: Apelo à união entre católicos e ortodoxos «nunca será esquecido» – Arcebispo de Bucareste

D. Ioan Robu perspetiva visita do Papa Francisco com ligação à viagem de São João Paulo II em 1999

Foto: D. Ioan Robu, arcebispo de Bucareste, Vatican Media

Cidade do Vaticano, 28 mai 2019 (Ecclesia) – O arcebispo de Bucareste diz que a Roménia aguarda “de braços abertos” a visita do Papa Francisco ao país, que vai decorrer entre 31 de maio e 2 de junho.

Em entrevista ao portal Vatican News, D. Ioan Robu realça que os dias que antecedem a chegada de Francisco têm sido marcados por uma “atmosfera de alegria e expetativa”.

“O Santo Padre goza de uma grande estima entre nós, e não só entre os católicos. Por isso todos o aguardamos de braços abertos: o Estado, com o atual presidente, a Igreja Ortodoxa, as dioceses onde o Papa irá, todos estão a preparar-se para que esta visita seja uma grande festa”, apontou o metropolita da arquidiocese latina de Bucareste.

Francisco é o segundo Papa a visitar a Roménia, um país de maioria ortodoxa, depois da deslocação em 1999 de São João Paulo II.

Há 20 anos, o país estava a recuperar de várias décadas de ditadura comunista, e para o arcebispo de Bucareste, será na vertente social e económica que se verão mais diferenças.

“Do ponto de vista religioso, a Roménia não mudou nestes últimos vinte anos. O Papa Francisco encontrará uma Roménia mais dividida do ponto de vista social e económico”, realçou aquele responsável.

D. Ioan Robu destacou problemáticas como a migração forçada, por questões económicas, que tem deixado o país bastante depauperado, no que diz respeito às novas gerações e por conseguinte às perspetivas de futuro.

“Esta é a grande dificuldade da Roménia e da Igreja daqui hoje, porque são milhões de romenos que estão a trabalhar fora, em Itália, em Espanha, por toda a Europa, e não só”, disse o arcebispo de Bucareste, que frisou o custo elevado que esta realidade tem representado para as famílias.

“Há pais que deixaram os seus filhos em casa, portanto, sem mãe nem pai. As famílias, os jovens, vão embora em busca de um salário melhor, de um padrão de vida superior àquele que a Roménia pode oferecer”, descreveu.

Sobre a realidade religiosa, D. Ioan Robu considera que a Roménia tem procurado viver o apelo deixado pelo Papa João Paulo II em 1999, quando gritou ‘Unitate!’, apelou
à união entre católicos e ortodoxos.

O mesmo mote dá corpo à viagem do Papa Francisco, que tem como tema ‘Vamos caminhar juntos’.

“Na vida quotidiana, as relações entre católicos e ortodoxos são muito boas. Na minha arquidiocese, cerca de metade das famílias são mistas; as duas comunidades vivem e trabalham juntas, isso é respeitado sem problemas”, indica o arcebispo de Bucareste.

O prelado romeno acredita que o “grito” de unidade de São João Paulo II “nunca será esquecido, nem por católicos nem por ortodoxos”.

Entre os dias 31 de maio e 2 de junho, na Roménia, o Papa Francisco cumpre aquela que será a 30.ª viagem do seu pontificado, iniciado em 2013.

A Roménia conta atualmente com cerca de 20 milhões de habitantes, a maior parte deles (86 por cento) de religião ortodoxa, sendo que a comunidade católica representa atualmente 7,3 por cento da população.

JCP

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