«Roma veio até nós»

Peregrinos esperam que Bento XVI lhes traga paz, fé e esperança

“Espero ter ainda mais fé; sem ela é impossível aguentar uma doença destas”: é com esta expectativa que Cristina Vassalo, de 50 anos, aguarda a passagem de Bento XVI pela Praça do Município, em Lisboa.

Sentada na segunda fila de cadeiras disposta diante do edifício da autarquia da capital, esta paroquiana de Colares acredita que “o Papa é Deus na Terra” e, como uma oração, pede “uma bênção especial” quando ele passar diante dos seus olhos, antes de se dirigir para o altar no Terreiro do Paço.

“Estou muito positiva”, diz sobre o cancro na cabeça, e acrescenta: “Faço 50 anos a 29 de Dezembro e essa é uma data que quero festejar em grande”.

Octávio da Gama fala do Papa como “o rosto visível da Igreja, o Pedro”, e espera dele o mesmo “carinho” e “bondade” de João Paulo II, e também que transmita Cristo “mesmo que não diga uma palavra”.

Para este goês de 69 anos, a vinda de Bento XVI a Portugal é como se “Roma viesse até nós”, e sublinha: “O Papa é Pedro e Pedro é a Igreja”.

Com formação em engenharia, Octávio da Gama vê neste Papa uma pessoa “extremamente racional, profundo e ao mesmo tempo simples de entender”, ainda que “talvez não seja tão emocional” como João Paulo II.

Emoção é o que procura Domingos Souto Maior, de 49 anos, para quem o não ir à missa, como é o seu caso, não o impede de se afirmar católico.

Veio de propósito de Santa Iria de Azóia mas faltam-lhe palavras para justificar a viagem: “É uma emoção muito forte que sentimos cá dentro… Não sei explicar”.

“Dizem que a Igreja Católica é uma religião falsa mas eu respeito todas”, refere por seu lado Amílcar Borba, de 40 anos.

Para este adepto da Testemunhas de Jeová, a curiosidade e a emoção atraíram-no à Praça do Município para aguardar a passagem de Bento XVI: “Nunca vi um Papa na realidade”.

Jacira Cardoso, de 19 anos, veio do Cacém e com ela traz o Kleison, o seu bebé de quatro meses: “Não preciso de dinheiro nem nada, apenas paz para o país e para o continente onde nasci e para o país onde vivo, salienta esta cabo-verdiana.

Por seu lado, Carlos Lopes está convencido de que Bento XVI consegue “mudar o coração” das pessoas, mas teme que daqui a uma semana o impacto da visita se apague: “Estivemos dois dias a falar de futebol e agora é o Papa.”

Sentado numa ambulância do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), o formador de 40 anos já esperava esta concentração de pessoas, apesar de Bento XVI “não reunir tanto consenso como João Paulo II”.

“Estou aqui acima de tudo como profissional, mas se não fosse pelo INEM também teria vindo” frisa o técnico de emergência médica, que revela ser católico praticante, “se se considerar praticante ir à missa”.

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