Ritmo das paróquias avalia-se pelas homilias

O Bispo Auxiliar de Braga D. Antonino Dias presidiu, ontem, à missa da peregrinação anual das paróquias do arciprestado de Celorico de Basto ao santuário de Nossa Senhora do Viso, em Caçarilhe. O prelado pediu aos padres e leigos que dêem maior atenção à Palavra de Deus, que o comentário às leituras bíblicas (homilia) marque o ritmo das comunidades paroquiais e que as Missas não sejam celebradas com pressa. Citando a Carta Apostólica Mane Nobiscum Domine (Ficai connosco, Senhor), do Papa João Paulo II, aquele Bispo Auxiliar de Braga afirmou que «não basta que os textos bíblicos sejam proclamados numa língua compreensível, se tal proclamação não é feita com cuidado, preparação prévia, escuta devota, silêncio meditativo, que são necessários para que a Palavra de Deus toque a vida e ilumine». Desde a boa preparação e apresentação pessoal dos Leitores, passando pela dignidade do Ambão e dos Leccionários até à atenção e interesse dos fiéis, tudo é de importância capital. No contexto da Liturgia da Palavra, porém, a homilia tem uma enorme eficácia pastoral e seria um erro – dos Sacerdotes e dos Leigos – não ver nela «um instrumento valioso e muito adaptado para a evangelização». D. Antonino Dias disse também que os fiéis esperam muito desta pregação, pois dela poderão tirar muito fruto, desde que seja simples, clara, directa, fiel ao ensinamento evangélico e ao Magistério da Igreja e adaptada à sensibilidade, linguagem e situação de cada um. É por isso que, não devendo ser muito longa nem demasiado breve – lembrou o prelado –, ela deve ser cuidadosamente preparada e capaz de incutir esperança, nutrir a fé, gerar a paz e a unidade, sem nunca esconder as exigências mais radicais da mensagem evangélica. Não se compadecendo com improvisações – continuou o prelado –, não sendo tempo de avisos ou de transmissão de opiniões pessoais, ela exprime a fé e o zelo pastoral de quem a faz. O prelado disse ainda que não é difícil constatar a cultura na fé que grande parte das pessoas tem e a caminhada espiritual que faz, tendo em conta a homilia que ouve todos os domingos ou noutras ocasiões celebrativas. A homilia faz o ritmo da caminhada eclesial das comunidades paroquiais e marca o espírito da convivência comunitária — concluiu D. Antonino Dias. O prelado reconheceu que não é fácil preparar uma boa homilia, atendendo ao tempo, ao conteúdo, à pedagogia, à convicção, à dicção e a toda a técnica de a fazer. Apontou o Ano da Eucaristia como uma oportunidade para reflectir e avaliar a qualidade das homilias. «Devemos parar para sabermos que importância dão os fiéis às nossas homilias, que valor elas têm para os ajudar a viver a Palavra de Deus, a fomentar a comunhão e a unidade, a perdoar e a aceitar a diferença, a crescer na santidade», afirmou D. Antonino Dias, dirigindo- se ao clero. Aos leigos, o prelado pediu maior compreensão no que diz respeito ao horário da celebração das Missas. «Por bairrismos ou costumes hoje difíceis de aguentar pela escassez de sacerdotes», explicou D. Antonino Dias, há padres a celebrar Missas com pouco tempo de intervalo entre uma e outra, e «com a agravante de serem em paróquias distantes». «A correria é muito má conselheira e o resultado – concluiu – é gerar pessoas cumpridoras de preceitos mas não convertidas e transformadas pela Palavra de Deus».

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