Riqueza por descobrir

D. António Marto, um dos Bispos portugueses presentes no Sínodo, critica deturpações e instrumentalizações do último documento de Bento XVI D. António Marto, Bispo de Leiria-Fátima, foi um dos representantes portugueses na XI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que decorreu no Vaticano de 2 a 23 de Outubro de 2005. Agora, após a publicação da Exortação Apostólica pós-sinodal de Bento XVI, “Sacramento da Caridade”, observa que a mesma reflecte “tudo o que se passou no Sínodo” e assume “todas as proposições feitas pelos padres sinodais”. Da Eucaristia como “mistério acreditado” trata uma parte mais doutrinal e teológica, que passa para o “mistério celebrado” e o “mistério vivido e testemunhado”. D. António Marto revê-se em “duas ou três indicações que propus e foram aceites”, ligadas às questões da Beleza e da “cultura eucarística”. “Falamos da Beleza do mistério, não se trata apenas de um aspecto decorativo, mas o que a Beleza do amor eterno e santo, que na pessoa de Cristo ressuscitado nos é oferecida na Eucaristia”, refere à Agência ECCLESIA. Daqui parte “um convite a descobrir esta Beleza que atrai e que fascina”. Há, depois, um aspecto litúrgico-celebrativo da própria celebração, na qual se abordam vários níveis de linguagem, como “o canto, a palavra, os gestos, os símbolos e o silêncio”, de modo a que este mistério “possa atrair a pessoa na sua totalidade”. Quanto à dimensão da cultura eucarística, ela significa que “a celebração não é um acto fechado em si mesmo, mas inclui a vida toda, dando origem a um conjunto de atitudes e comportamentos pessoais e sociais, como a experiência do acolhimento, da fraternidade, da partilha e da solidariedade”. “Considero este documento muito bom e belo, só lamento que tenha sido tergiversado, instrumentalizado, deixando de ler o todo e fixando-se às vezes numa pequenina parte, e mesmo essa distorcida, chegando mesmo a inventar coisas que não vêm lá no texto”, aponta o prelado. Nesse sentido, D. António Marto defende que há um trabalho de recepção do documento por parte de todos, “até porque a primeira apresentação que foi feita por muitos meios de comunicação social foi redutora e distorcida, a meu ver até intencionalmente, porque falta à verdade”. “Fico com a impressão de que se quis transmitir, em muitos casos, a imagem de uma Igreja museu de antiguidades e afectar a imagem do próprio Papa, como se ele quisesse regressar a um arcaismo de velhos tempos, o que lá não está”, lamenta. O Bispo de Leiria-Fátima vinca que “há uma dimensão social e cósmica da Eucaristia com afirmações que fazem tremer quem as lê com um pouco de fé”, como quando se fala do fosso cada vez maior entre ricos e pobres. Agora, sublinha, é preciso trazer a mensagem às comunidades e, para D. António Marto, há uma oportunidade importante, que é a Quinta-Feira Santa”, em que se celebra a instituição da Eucaristia.

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Agência ECCLESIA

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