O livro «O Réu da República» da autoria de D. Carlos Azevedo e de Amadeu Gomes de Araújo será apresentado na Universidade Católica Portuguesa (UCP), Sala de Exposições da Biblioteca Universitária João Paulo II, nesta Segunda-feira. Uma obra com a chancela da Aletheia Editores e que será apresentada por João Carlos Espada.
Raras figuras da nossa história religiosa catalisam, como D. António Barroso, a densidade das características do seu tempo, permitindo no percurso da sua vida (1854‐1918) reunir os grandes debates de um arco de tempo significativo. Situamo-nos, realmente, na emergência da acção missionária nos territórios coloniais portugueses, na mudança de regime de Monarquia para a República e na intensificação da vida pastoral das dioceses, prosseguindo caminho aberto desde os anos 70 do século XIX.
Há vários anos que se planeava uma biografia do notável missionário e destemido Bispo do Porto. Sai agora, a duas mãos, enriquecida com factos e leituras dessas duas dimensões de uma vida integralmente pautada pelo serviço do evangelho.
Os anteriores intentos de relatos biográficos foram recolhendo materiais, que no final desta obra se elencam, mas não havia ainda uma visão abrangente da vida do já servo de Deus D. António Barroso. A introdução do processo de beatificação e canonização em 1992 veio despertar o interesse pela sua figura, que para muitos nunca deixou de estar vivo. A acção incansável do José Ferreira Gomes impulsionou muitas iniciativas e galvanizou muitas vontades. Muito ansiou por uma obra do género da agora publicada.
Como missionário e missiólogo, António Barroso situa-se entre os mais notáveis da história portuguesa, seja nas primeiras e determinantes aventuras do Congo (1880), seja como incansável Prelado de Moçambique, seja como resistente construtor da comunhão em Meliapor (Índia). Com toda esta experiência evangelizadora de autêntico herói da Pátria, que muito amava, é escolhido para Bispo do Porto (1899). A bondade fraternal e a firmeza militante da sua condução pastoral conquistaram os portuenses. Quando se vê na necessidade de enfrentar o prepotente Afonso Costa, como ditador e perseguidor da Igreja, mostra a nobreza de carácter e a dignidade ponderada. A corajosa frontalidade não se situa na recusa do novo regime republicano, aliás acolhido como legítima autoridade. A mover a reacção plena de dignidade do Bispo do Porto estão critérios de injustiça praticada para com a Igreja.
Combate pela liberdade religiosa, com a grandeza de coração norteadora das suas atitudes solícitas pelo bem das comunidades.