Ressurreição e papel das mulheres na Igreja

Francisco retomou catequeses sobre o Ano da Fé iniciadas por Bento XVI

Cidade do Vaticano, 03 abr 2013 (Ecclesia) – O Papa Francisco acentuou hoje no Vaticano a importância da ressurreição de Cristo, alertou para a diminuição da fé na vida eterna entre os católicos e realçou o papel das mulheres na Igreja.

“Muitas vezes procurou-se obscurecer a fé na ressurreição de Jesus, e mesmo entre os próprios crentes insinuaram-se dúvidas. Por superficialidade, às vezes por indiferença, ocupados por mil coisas que se consideram mais importantes da fé, ou por uma visão apenas horizontal da vida”, sublinhou na audiência geral das quartas-feiras.

Perante milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, o Papa centrou-se no Credo, fórmula com os conteúdos essenciais da fé professada pelos católicos, onde se lê que Cristo “ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras”, afirmação que para Francisco constitui o “centro da mensagem cristã”.

“A ressurreição de Cristo é a nossa maior certeza; é o tesouro mais precioso”, frisou Francisco ao retomar as catequeses iniciadas por Bento XVI sobre o Ano da Fé, que a Igreja Católica assinala até novembro.

A convicção na ressurreição conduz o ser humano “a viver com mais confiança a realidade quotidiana, enfrentando-a com coragem e empenho”, indicou o Papa, antes de destacar que as mulheres foram “as primeiras testemunhas” e anunciadoras do ressurgimento de Cristo, três dias após a morte.

“A alegria de saber que Jesus está vivo, a esperança que preenche o coração, não se pode conter. Isto deveria acontecer também na nossa vida. Sintamos a alegria de ser cristãos. Acreditemos num ressuscitado que venceu o mal e a morte. Tenhamos a coragem de sair para levar esta alegria e esta luz em todos os lugares da nossa vida”, disse.

Para Francisco o facto de a narrativa bíblica ter mencionado as mulheres como as primeiras a tomar conhecimento da ressurreição, num tempo em que o testemunho delas e das crianças não era considerado credível, “é um elemento a favor da historicidade da ressurreição”.

“Se fosse um facto inventado, no contexto daquele tempo não estaria ligado ao testemunho das mulheres”, assinalou.

No entender de Francisco as narrativas sobre a ressurreição são um convite à reflexão “sobre como as mulheres, na Igreja e no caminho de fé, tiveram e têm ainda hoje um papel particular no abrir a porta ao Senhor, no segui-lo e no comunicar o seu rosto”.

Os excertos bíblicos que descrevem a ressurreição atestam que “Deus não escolhe segundo os critérios humanos”, como também se comprova pelas primeiras testemunhas do nascimento de Jesus, os pastores, “gente simples e humilde”, referiu.

Levantando os olhos das folhas onde lia o discurso, o Papa dirigiu-se aos jovens: “Levai por diante esta certeza: o Senhor está vivo e caminha ao nosso lado, na vida. Esta é a vossa missão, levai por diante esta esperança”.

“Vós, testemunhas de Jesus, levai por diante o testemunho de que Jesus está vivo e isso dará esperança a este mundo um pouco envelhecido pelas guerras, o mal, o pecado. Em frente, jovens”, afirmou.

A catequese realçou que Cristo ressuscitado pode ser hoje reconhecido através da “Sagrada Escritura, a Eucaristia, os outros sacramentos” e “a caridade”.

Francisco saudou especialmente a peregrinação da Arquidiocese de Milão, presidida pelo cardeal Angelo Scola, e fez referência aos vários grupos de fiéis presentes, entre os quais uma delegação do Senado dos EUA.

RJM/OC

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