Mais de cem bispos católicos e de outras confissões cristãs, assim como ulamas muçulmanos, acabam de concluir uma reunião sem precedentes em Pasay City, Filipinas, na qual analisaram o serviço que os crentes podem oferecer à paz. Entre os representantes, procedentes de 13 países (de Indonésia a Bangladesh e Índia, de Singapura a Sri Lanka e Uzbequistão), encontrava-se também o arcebispo Michael Fitzgerald, presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso. A iniciativa surge após a experiência do grupo de diálogo composto por bispos católicos, pastores protestantes e religiosos muçulmanos criado nas Filipinas, que enfrentou em particular a violência que se vive na ilha de Mindanao, açoitada pela violência de grupos radicais islâmicos. O arcebispo Fitzegerald, ao regressar de Filipinas, explica que, na realidade, «os extremistas, os violentos, são poucos: a maioria dos muçulmanos quer a paz, mas querem a paz com justiça». Segundo explicou o representante vaticano em entrevista concedida a Rádio Vaticano, a religião não é a «causa» de conflitos ou guerras, mas um «factor» de conflito. «As causas –opina– estão em outros factores: as causas são políticas, económicas ou sociais. A diferença de religião é um factor que fortalece este aspecto de conflito», defende. O encontro Pasay City concluiu-se com a publicação de um documento no qual os participantes reconhecem sua responsabilidade e suas faltas, em particular, quando não rectificaram discriminações que podem causar discórdia, e constatam que em certas ocasiões as religiões podem ser manipuladas.
