Lisboa, 24 jul 2018 (Ecclesia) – O padre Rui Fernandes, da Companhia de Jesus (Jesuítas), está a estudar o diálogo entre Cristianismo e islão a Partir da música, uma das “tantas formas de abordar uma cultura, uma realidade”, num doutoramento na Universidade Católica Portuguesa (Lisboa).
“Normalmente, quando falamos das religiões e, neste caso, do Islão estamos de tal forma marcados por experiências, mais ou menos, traumáticas que condicionam muito a nossa forma de nos aproximarmos de uma tradição riquíssima e longuíssima que mobiliza tantos milhões de pessoas no mundo”, afirmou o religioso à Agência ECCLESIA.
O aluno de doutoramento realça que o problema de certas imagens “não é tanto o focar coisas erradas”, mas o dar “um relevo excessivo” a dimensões particulares de uma realidade.
O sacerdote jesuíta considera que “é importante” sublinhar os pontos em que as religiões convivem “e a música é um desses sítios”.
“Foi uma forma de abordar a religião mais pelo ângulo da vida quotidiana, da vizinhança, de pessoas que se cruzam na rua e não tanto da vida mais habitual e que é necessária, que é dos credos, das doutrinas”, observou.
O padre Rui Fernandes começou a estudar este diálogo inter-religioso a partir da Idade Média, onde havia “muitos pontos de contactos curiosos” entre teólogos que “nunca se conheceram”, no centro da Europa e na Península Arábica.
“No silêncio somos todos irmãos”, salienta, e refere que, como em todos os casos, se encontram “autores mais afirmativos ou mais rígidos”.
Este não é o primeiro contacto do jovem sacerdote com o Islão: depois de cursar Filosofia, em Braga, e Teologia Fundamental, no Centre Sèvres – Facultés Jésuites de Paris, dedicou-se ao estudo do Islão no Institut Catholique, também na capital francesa.
Rui Fernandes entrou para a Companhia de Jesus, em 2008, e foi ordenado sacerdote no início deste mês, a 7 de julho, com mais dois Jesuítas, na Arquidiocese de Braga.
“São momentos que nos marcam”, disse o padre de 35 anos, recordando que foi num verão, depois de estar na Comunidade Ecuménica de Taizé (França), que decidiu “arriscar” e foi para o seminário.
O padre Rui Fernandes celebrou a sua Missa Nova no noviciado dos Missionários Combonianos, na Diocese de Santarém de onde é natural, uma casa que nas suas celebrações acolhia os retornados das antigas colónias portuguesas.
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