Religião: Católicos sós e de espiritualidade pouco fundamentada são mais vulneráveis às seitas, dizem bispos

Comunidades devem desenvolver «relações próximas de fraternidade», consideram bispos lusófonos reunidos em Timor

Díli, 10 set 2012 (Ecclesia) – Os católicos sós e de espiritualidade pouco fundamentada são mais vulneráveis às seitas, consideram os bispos que participaram no 10.º encontro das Conferências Episcopais de países de língua oficial portuguesa, que terminou esta segunda-feira em Díli.

A incidência dos novos movimentos religiosos “recai mais entre católicos cuja fé não assenta sobre um encontro pessoal com Cristo e o seu corpo eclesial, nem se traduziu numa verdadeira iniciação à vida em Cristo”, refere o comunicado final da reunião, enviado à Agência ECCLESIA.

Os prelados presentes no encontro dedicado ao tema ‘O desafio das seitas, no horizonte da nova evangelização’ frisam que “os católicos mais sensíveis às novas propostas religiosas são os que se sentem mais sós e indefesos perante os problemas que a vida lhes levanta”.

A Igreja é chamada a apresentar a fé e a moral com “mais clareza”, ao mesmo tempo que deve insistir na iniciação cristã, assinala o documento, que também vinca a necessidade de “promover iniciativas de formação aos diversos níveis”, dado que “a ignorância é porta para todos os erros”.

“Requerem-se também comunidades mais convivenciais, com relações próximas de fraternidade, atentas a cada um dos seus membros, sobretudo aos que, de algum modo, mais sofrem”, acrescentam os responsáveis, entre os quais o bispo do Porto e vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Manuel Clemente.

Os participantes foram recebidos pelo presidente da República, Taur Matan Ruak, que sublinhou as “‘ótimas relações’ existentes entre o Estado timorense e a Igreja”, assim como a “relevante importância” dos católicos “para a paz e o progresso” do país, indica o comunicado.

O primeiro-ministro, Xanana Gusmão, também reuniu com as delegações para apresentar as prioridades do Governo para os próximos anos.

D. Manuel Clemente presidiu no domingo à missa na Catedral de Díli, celebração “particularmente significativa” que assinalou 450 anos de evangelização de Timor.

“Fomos testemunhas da fé de um povo, que passou por tempos duros de guerra e perseguição, mas que se tem mantido fiel a Jesus Cristo, contribuindo eficazmente para a identidade cultural de uma nação livre, que este ano celebra o 10.º aniversário da sua independência”, acentuam os prelados.

O texto destaca igualmente que “as altas autoridades da Nação assumem o testemunho público da sua fé”.

Os padres Manuel Morujão, porta-voz do episcopado, e José Maia, presidente da Fundação Fé e Cooperação (FEC), organização responsável pela preparação e acompanhamento dos encontros dos episcopados lusófonos, completaram a delegação portuguesa.

A iniciativa que começou a 6 de setembro contou com a participação de representantes de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

A assembleia decidiu que os encontros de bispos lusófonos serão organizados rotatitavemente a cada dois anos, realizando-se o próximo em Angola, no segundo semestre de 2013, anuncia o padre José Maia em nota enviada hoje à Agência ECCLESIA.

Os participantes pediram à FEC que enviasse à Secretaria de Estado da Cooperação do Governo português “uma mensagem de reconhecimento e apreço pelos apoios concedidos a vários projetos de desenvolvimento que decorrem em países lusófonos, em parceria com as Igrejas Locais”.

O documento “ressalva que uma descontinuidade neste apoio poderá comprometer todo o trabalho realizado ao longo de vários anos”.

RJM

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