Reitor da UCP pede mais apoios do Estado e da Sociedade

Manuel Braga da Cruz deixa críticas ao «facilitismo» pós-Bolonha A Universidade corre riscos de “perda de exigência pela pressão facilitadora da massificação e da apresentação de resultados, embora a qualidade seja cada vez mais propalada, nem sempre se tem acautelado nas reformas em curso, o nível que faz do ensino universitário um superior” – sublinhou Manuel Braga da Cruz, Reitor da Universidade Católica Portuguesa (UCP), no discurso de investidura para o terceiro mandato naquela estabelecimento de ensino. Na cerimónia, realizada ontem (14 de Outubro), tomaram posse também os vice-reitores e a administradora: Maria Luisa Geraldes Barba, Peter Stilwell, Maria Helena Brissos de Almeida, respectivamente. Na presença de várias autoridades académicas e civis, Manuel Braga da Cruz frisou também que o Processo de Bolonha, “apesar das confessadas intenções de assegurar a qualidade, não tem estado imune a tentativas de diminuição do grau de exigência”. A diminuição dos ciclos de estudo “não pode traduzir-se num enfraquecimento do nível de qualidade”. Nascido em Tadim (Braga) e com formação em Filosofia e Sociologia, o Reitor da UCP disse no seu discurso que actualmente se vive “tempos difíceis de contracção da procura do Ensino Superior em Portugal, tendência só invertida nos anos mais recentes”. Em nove anos diminuiu “em 37,5% o número de candidatos ao Ensino Superior” – realçou. Apesar das condições adversas, a Universidade Católica Portuguesa viu aumentar – nos últimos anos – o número de candidatos, inscrições e alunos. “Temos hoje quase 12 mil alunos que frequentam os cursos de Primeiro e Segundo Ciclo, sem contar os milhares de alunos de pós-graduação que, anualmente, nos procuram”. A cultura de exigência que a UCP promove – revelar-se-á “a prazo chave de sucesso” – deve exprimir-se de várias formas: vida académica, progressão na carreira dos professores, na prestação de provas, nas publicações científicas, “mas também na formação humana integral que se pede a uma Universidade Católica”. Ao apontar os desafios da UCP, Manuel Braga da Cruz salienta as relações de estreitamento com a sociedade. “Da qual se espera venham cada vez mais os apoios financeiros e cujas necessidades se pretende que a Universidade venha a satisfazer cada vez mais”. A Universidade deixou de ser apenas fornecedora de quadros ao serviço do Estado. Ela está “crescentemente ao serviço da sociedade o que justifica que deva ser cada vez mais a sociedade a suportar os custos da Universidade” – frisou. E acrescenta: “O Estado não pode continuar a ser o único, nem mesmo o principal, financiador do Ensino Superior”. Algumas Universidades Europeias recebem apenas um terço do seu orçamento do Estado. “Sendo as partes restantes oriundas das propinas e das receitas próprias”. O Estado deve deixar espaço à sociedade para “assumir as suas responsabilidades e sem discriminar cidadãos e instituições pela sua natureza”. E adianta: “O apoio do Estado não deve distorcer a concorrência que se deseja livre e leal entre as instituições”. Ao fazer referência outras Universidades Católicas, Braga da Cruz afirma que algumas “Universidades Católicas recebem percentagens elevadas dos seus orçamentos do Estado”. E lamenta: “Somos o país da Europa Ocidental em que a Universidade Católica menos é apoiada pelo Estado”.

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