Refugiados: Trabalhadores cristãos alertam para «sério retrocesso» no acordo entre a União Europeia e a Turquia

Um comunicado no âmbito do Conselho Europeu que se realiza entre hoje e esta sexta-feira

Lisboa, 17 mar 2016 (Ecclesia) – O Movimento dos Trabalhadores Cristãos da Europa (MTCE) declarou o seu “mais forte repúdio” ao projeto de acordo entre a União Europeia e a Turquia sobre refugiados, que considera ser um “sério retrocesso” em direitos humanos.

“O acordo de princípio alcançado para o repatriamento de todos os refugiados que chegaram clandestinamente às ilhas gregas viola os preceitos da lei internacional e humanitária”, denuncia o MTCE, num comunicado emitido no contexto do Conselho Europeu que se realiza hoje e esta sexta-feira.

No documento enviado à Agência ECCLESIA, pela Liga Operária Católica/Movimento dos Trabalhadores Cristão, alerta também para o “condenamento definitivo” das populações em risco e em fuga da guerra, da perseguição política ou religiosa e da pobreza extrema.

O acordo, conseguido depois de mais de doze horas de conversações, assenta num controverso programa de troca de refugiados no qual a Turquia aceita a deportação de todos os estrangeiros que partirem do país para o espaço europeu de forma ilegal: Por cada migrante “devolvido” a território turco, a União Europeia acolherá um refugiado sírio “legítimo”, entre os 2,7 milhões que vivem nos campos turcos.

Um acordo que viola as Convenções Internacionais e Europeias ratificadas pelos Estados-Membros que proíbem expressamente a devolução de pessoas que estão sujeitas a perseguições ou são vítimas de guerra.

Neste contexto, o Movimento dos Trabalhadores Cristãos da Europa considera que o Conselho Europeu “é crucial” e é preciso mostrar aos representantes que “muitas organizações e indivíduos não querem” uma União Europeia que possa violar os direitos humanos e o direito internacional.

O “velho continente”, observa o movimento, não pode ser uma fortaleza “cheia de pessoas que vivem tranquilamente mas infelizes, porque não podem deixar de ouvir os gemidos vindos do resto da humanidade”.

“O nosso bem-estar não pode ser conseguido à margem da situação dos outros povos. Assim, o desafio que temos pela frente é o de construir, cada vez mais, uma Europa dos povos e não dos mercados”, refere.

No documento, o MTCE renova o “compromisso” de trabalhar por uma “sociedade justa, fraterna e sustentável”, na Europa e no mundo e revela-se em sintonia com as palavras do Papa Francisco e cita a Bula ‘Misericordiae vultus’ (15) (Rosto de Misericórdia), de convocação do Jubileu Extraordinário.

O Movimento de Trabalhadores Cristãos da Europa representa e coordena 20 organizações de 15 países da União Europeia e da Suíça.

OC/CB/LFS

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Agência ECCLESIA

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