Recordar João Baptista Scalabrini no décimo aniversário da sua Beatificação

Caríssimas Missionárias e Caríssimos Missionários da Família Scalabriniana 1. Profundamente agradecidos a Deus pela Beatificação de João Batista Scalabrini, que quis apresentá-lo à Igreja como modelo de santidade para todos e de vida cristã encarnada na história, fazemos memória do inesquecível dia nove de novembro de 1997. Desde essa data, o Bem-aventurado J. B. Scalabrini não só é reconhecido como nosso Fundador e Inspirador, mas também é apresentado a toda Igreja como intercessor e “Pai dos Migrantes”: exemplo de caridade e de serviço sem limites, testemunha de um coração capaz de acolher o amor infinito de Deus e de reconhecer nos migrantes mais pobres e necessitados o próprio rosto de Cristo. Por isso, queremos agradecer, louvar e formular novos votos aos seus filhos e filhas, religiosos(as) e leigos, voluntários e jovens, espalhados em 39 países do mundo. Animados pelo reconhecimento eclesial das virtudes heróicas do Bem-aventurado Scalabrini e do seu original testemunho de caridade pastoral, somos convidados a tomar consciência das novas realidades que se apresentam no mundo das mobilidade, ao qual Deus envia cada um de nós, no início deste Terceiro Milénio. Numa época marcada por profundas transformações, que apresenta novas oportunidades e problemas, queremos ser o prolongamento do coração missionário de um homem como o nosso Fundador, que com fé e coragem viu nas irmãs e nos irmãos migrantes o Cristo, que caminha nas estradas do mundo e que quer conduzir toda a humanidade à salvação. 2. Esta festividade é uma ocasião para, com olhar sincero, perguntarmo-nos: como estamos vivendo o dom da Beatificação, e acolhendo as novidades espirituais e apostólicas, segundo a fidelidade criativa ao Carisma? Com gratidão, reconhecemos os inúmeros benefícios recebidos durante os dez anos, assim como o bem que o Senhor nos permitiu realizar no serviço à Igreja e aos migrantes. Por isso, primeiro no silêncio do coração em oração, e depois no diálogo fraterno em comunidade, expressamos reconhecimento pela dádiva do carisma scalabriniano, pela vocação de cada um e pela riqueza que somos um para o outro, enquanto pedimos a graça de ser sinal sempre mais autêntico do amor universal de Cristo no mundo da mobilidade humana. No âmbito institucional agradecemos ao Senhor porque, por um lado, tornou a Família Scalabriniana mais ciente da sua tarefa eclesial de ajudar as Igrejas locais a tomar consciência de sua responsabilidade diante do mundo das migrações e, por outro, a redescobrir na acolhida ao estrangeiro a própria identidade católica, isto é, universal. Queremos juntos agradecer ao Espírito Santo que nos animou a abrir horizontes em direcção a novos países – Angola, Bélgica, Bolívia, Congo, Espanha, Japão, Índia, Indonésia, México, Moçambique, Peru e Vietname – e às fronteiras da internacionalização, do diálogo inter-cultural e inter-religioso. Para todos nós, Missionárias e Missionários Scalabrinianos, beber constantemente da fonte do carisma e referir-nos ao Bem-aventurado Scalabrini, grande amigo de Deus, é sustento necessário para caminhar com radicalidade evangélica no seguimento a Jesus Cristo, e critério de autenticidade missionária. Ele permanece diante de nós como extraordinária síntese de ação e de contemplação, apaixonado servidor da humanidade ferida, homem de fé no Deus Trindade, amante da Eucaristia, fonte de sua inspiração. 3. Hoje, a partir do seu coração de Pai e de Pastor incansável, propomos dois desafios: a) – Uma autêntica vida fraterna em comunidade, que ponha em prática o mandamento do amor de Jesus: “Este é o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros, como eu vos amei” (Jo 15,12), e que ressoa na recomendação do Bem-aventurado Fundador: “Por isso, união com Jesus Cristo antes de tudo.(…) Fruto desta união será, pois, a união entre vós mesmos”. (Aos Missionários nas Américas, Piacenza, 1892). b) – Uma pobreza evangélica que seja conselheira e inspiradora da fantasia da caridade na resposta quotidiana à nossa vocação missionária. Somente libertando o coração da tentação do possuir e do acúmulo de seguranças, seremos capazes de ser verdadeiramente missionárias e missionários livres de: amar os pobres, acolher os migrantes, assumir línguas e culturas para redescobrir juntos a nossa identidade evangélica: “Era estrangeiro e tu me acolheste” (Mt 25,35). 4. Concluindo esta Carta, deixemos, mais uma vez, ecoar em nós as palavras do Papa João Paulo II, no dia da Beatificação do Fundador: “Profundamente enamorado de Deus e extraordinariamente devoto da Eucaristia, o Bem-aventurado João Baptista Scalabrini soube traduzir a contemplação de Deus e do seu mistério numa intensa acção apostólica e missionária, fazendo-se tudo para todos para anunciar o Evangelho”. E ainda: “Scalabrini se propôs sanar as feridas materiais e espirituais de tantos irmãos, obrigados a viver longe da sua pátria. Sustenta-os na defesa dos direitos fundamentais da pessoa humana e quer ajudá-los a viver os compromissos da fé cristã. Como autêntico “Pai dos migrantes”, trabalhou para sensibilizar as comunidades para a acolhida respeitosa, aberta e solidária. Era, de fato, convicto que os migrantes, com sua presença, são um sinal visível da catolicidade da família de Deus e contribuem para criar as premissas indispensáveis para o autêntico encontro entre os povos, fruto do Espírito de Pentecostes”. Caríssimas Missionárias e Caríssimos Missionários, filhas e filhos do Bem-aventurado Scalabrini, que Ele nos mantenha com sua intercessão no caminho da fidelidade a Deus, ao Carisma expresso nas Regras de Vida e nas orientações emanadas dos Capítulos e das Assembleias Gerais e sustente com o seu exemplo a todos no serviço dos migrantes e refugiados. Confiamos a Deus todas as intenções da Família Scalabriniana, mediante a intercessão da Virgem Maria, ícone vivente da mulher migrante, que a devoção popular evoca e venera como Nossa Senhora do Caminho, sinal da humanidade peregrina rumo à pátria eterna. Roma e Stuttgart, 1 Novembro de 2007 Solenidade de Todos os Santos Pe. Sérgio Olivo Geremia, cs – Superior Geral Missionários de S. Carlos Scalabrinianos Ir. Maria do Rosário Onzi, mscs – Superiora Geral Irmãs Missionárias S. Carlos B. Scalabrinianas Adélia Firetti, mss – Responsável Geral Missionárias Seculares Scalabrinianas

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