O Cardeal Tarcísio Bertone, Secretário de Estado do Vaticano sublinhou que a Igreja pede apenas para ser “reconhecida e respeitada na sua missão”. O desejo da Igreja não é de imposição, mas apenas de “propor o Evangelho a todos quantos encontra no seu caminho”. O Secretário de Estado do Vaticano celebrou, ontem, dia 21, Eucaristia na Catedral de Havana, em Cuba, onde se encontra até ao próximo dia 26, para uma visita celebrativa dos 10 anos da presença de João Paulo II em Cuba. Na sua homilia, o Cardeal Bertone recordou João Paulo II como o “mensageiro da verdade e da esperança”. “A Igreja nasce da vontade de Deus e esta verdade une os católicos de todo o mundo”, apontou o número dois do Vaticano. Em especial a Cuba, “a Igreja tem dado uma grande importância, incentivando ao respeito pela vida humana, sublinhando os valores da família fundada no matrimónio entre um homem e uma mulher, defendendo a liberdade de consciência e a liberdade religiosa e promovendo a inviolabilidade da dignidade da pessoa humana”. O cardeal Bertone lembrou que os princípios de liberdade, igualdade e fraternidade, “que nos últimos séculos se têm afirmado na consciência das pessoas encontram fundamento sólido no Evangelho”. Enaltecendo o exemplo que religiosas, sacerdotes e leigos prestam, na evangelização e na pastoral em Cuba, o Secretário de Estado do Vaticano afirmou que se espera ainda este ano a elevação aos altares do primeiro Beato cubano, o Pe Olallo Valdés. “A Igreja em Cuba é marcada por uma intensa actividade educação e de promoção da vida humana”, afirmou o Cardeal Bertone, enaltecendo o trabalho que a Caritas daquele país realiza com os idosos e “o esforço que tem em chegar aos lugares mais escondidos para ajudar os doentes e os mais necessitados”. Este é um “compromisso solidário que cresceu desde a vinda do Papa a Cuba, em 1998”. Na eucaristia o Cardeal Bertone sublinhou, mais uma vez, o afecto que Bento XVI tem pelo povo cubano, manifestando que “segue de perto as vossas preocupações e anseios”. Cuba quer visita do Papa O Cardeal Tarcísio Bertone foi recebido em Havana, capital de Cuba, com aplausos e num clima de grande entusiasmo. A Eucaristia, na Catedral de Havana, foi antecedida por expressivos desejos da visita do Papa ao país Sul americano. Pouco antes do início da celebração, o Cardeal Jaime Ortega y Alamino, Arcebispo de Havana expressou o desejo de que esta visita do Secretário de Estado do Vaticano possa ser um sinal de uma próxima visita de Bento XVI a Cuba, desejo que foi seguido de aplausos. O secretário geral da Conferência Episcopal de Cuba, D. Juan de Dios Hernandez, sublinhou também ele o desejo de receberem o Papa em Cuba, acrescentando que uma boa oportunidade seria a deslocação que Bento XVI fará ao México, por ocasião do Congresso da Família. “Porque não tentar que ele faça uma paragem em Cuba?” Em alguns cartazes podia ler-se “Cuba espera Bento XVI” ou outros ainda recordavam palavras que João Paulo II pronunciou há 10 anos atrás: “Não tenham medo, abram os vossos corações a Cristo”. Na Catedral encontravam-se cerca de três mil pessoas, entre fiéis, religiosas, sacerdotes, na presença de representantes de outras confissões religiosas e da autoridade cubana. Entre os fieis estavam presentes as “Damas de Branco”, mulheres, mães, filhas e irmãs dos 75 prisioneiros políticos que foram presos em Março de 2003, 20 dos quais foram libertados por razões de saúde, enquanto que 55 estão ainda presos, com uma sentença de 20 anos de prisão. “Estamos aqui para que o Cardeal Bertone e o Papa possam interceder junto do governo para a libertação dos nossos familiares que estão há anos na prisão apenas porque partilharam a sua opinião”. Foto: Lusa