RD Congo: Nações Unidas destacam trabalho de religiosa junto de mulheres vítimas da guerra

Irmã Angelíque Namaika criou um Centro de Reintegração e Desenvolvimento que oferece apoio psicológico e formação

Foto: A irmã Angélique Namaika, aqui com uma mãe e a sua filha (ACNUR)

Genebra, 07 dez 2018 (Ecclesia) – O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) destacou hoje o trabalho que uma religiosa das Irmãs Agostinas está a realizar junto de mulheres vítimas da guerra na República Democrática do Congo.

Numa publicação feita através das redes sociais, aquele organismo realça que a missão da irmã Angélique Namaika está “a transformar vidas” naquele país africano, considerado um dos mais pobres do mundo, em termos de condições sociais, mas paradoxalmente um dos mais ricos em termos de recursos naturais, como ouro, diamantes e urânio.

Devido a esse potencial, a história da antiga colónia belga tem sido marcada permanentemente pela guerra e pela instabilidade política e social, que tem provocado inúmeras mortes e deixado milhões de pessoas, homens, mulheres e crianças, em situação de refugiados ou deslocados.

No meio deste contexto, há mais de 15 anos que a irmã Angélique Namaika presta apoio a mulheres vítimas de violência física e sexual, muitas delas às mãos de grupos de guerrilheiros armados.

Com a sua bicicleta, a religiosa de 51 anos percorre as estradas em busca destas mulheres que estão completamente desamparadas.

“Quando eu as vejo a saírem do mato, sem nada, depois de terem escapado a tantas atrocidades, as suas caras parecem diferentes para mim”, conta a irmã Angélique Namaika, que através de um Centro para Reintegração e Desenvolvimento tem procurado ajudar estas mulheres a reconstruirem as suas vidas.

O seu projeto ajuda as vítimas de guerra a aprender a ler e a escrever, a terem uma formação, a tornarem-se independentes e a terem consciência dos seus direitos.

Neste mesmo centro é prestado apoio psicológico às vítimas, que muitas vezes são colocadas à margem até pelas suas próprias famílias e comunidades, por terem sido violadas ou mutiladas.

“Se eu puder ajudar nem que seja uma destas mulheres a recomeçar a sua vida, para mim isso já será um sucesso. Eu nunca vou desistir”, garante a religiosa congolesa, que em 2013 já foi distinguida pelo ACNUR com o Prémio Nansen, destinado a apoiar este género de projetos solidários, que envolvem o apoio a pessoas deslocadas e refugiadas, em situação de grande carência.

A irmã Angélique Namaika, que abraçou a vida consagrada em 2000, está também nomeada para o galardão deste ano, que prevê a atribuição de um fundo de 150 mil dólares – cerca de 130 mil euros – para o projeto mais votado.

Quem quiser participar na votação do Prémio Nansen 2019, do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, pode fazê-lo até 8 de fevereiro do próximo ano.

JCP

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