Quénia: Apropriação abusiva de terras em debate antes da chegada do Papa

Igreja Católica em África chama a atenção para um «problema grave» que ameaça a vida das populações locai

Lisboa, 23 nov 2015 (Ecclesia) – A apropriação abusiva de terras aos povos indígenas em África vai ser tema central de uma conferência em Nairobi, no Quénia, a poucos dias da chegada do Papa Francisco ao continente.

A iniciativa, que vai decorrer entre esta segunda e quarta-feira, conta com a presença de responsáveis de várias organizações católicas empenhadas no desenvolvimento de países mais carenciados, entre as quais a Fundação Fé e Cooperação, ligada à Conferência Episcopal Portuguesa.

Numa nota enviada hoje à Agência ECCLESIA, a FEC realça que o grande objetivo é “desenvolver estratégias para apoiar e fortalecer as comunidades locais nas suas lutas para deter esta ameaça e para criar resiliência”.

“A apropriação de terras é um problema grave em toda a África, que requer atenção urgente uma vez que ameaça a subsistência e segurança alimentar. Já originou centenas de milhares de pessoas deslocadas das suas terras, privando-as do acesso aos recursos naturais e ameaçando os seus meios de subsistência”, acrescenta o mesmo organismo.

O evento, organizado pelo Simpósio das Conferências Episcopais de África e Madagáscar, começa dias antes da viagem apostólica do Papa Francisco ao continente africano.

Entre 25 e 30 de novembro, o Papa argentino vai visitar três países: Quénia, Uganda e República Centro Africana.

Já antes da viagem, recorda a FEC, Francisco “manifestara grande preocupação com a questão da usurpação de terras”.

“No discurso proferido na FAO (Organização para a Alimentação e Agricultura da ONU) em Roma em junho de 2015, o Papa advertiu contra a monopolização de terras de cultivo por parte das empresas e estados transnacionais, que não só priva os agricultores de um bem essencial, mas que afeta diretamente a soberania dos países”.

“O Santo Padre destacou ainda que há já muitas regiões em que os alimentos produzidos vão para países estrangeiros e a população local é duplamente pobre, porque não tem nem comida nem terra”, lembra a Fundação Fé e Cooperação.

Durante a conferência em Nairobi, no Quénia, serão apresentados vários exemplos envolvendo a apropriação indevida de terras em outros países como o Senegal e a Nigéria, onde agricultores locais “estão a ser forçados a sair das terras que cultivaram durante gerações para dar lugar a plantações” geridas por empresas multinacionais.

JCP

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