Palavras de D. António Marto na homilia do Dia Mundial da Paz “A dignidade da pessoa humana não se atribui a alguém, reconhece-se. Não é dada, respeita-se, pois está inscrita no interior de todo o ser humano”, assim afirma o Bispo de Leiria – Fátima na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz, que sublinha as palavras de Bento XVI na sua mensagem para o mesmo dia. D. António Marto questiona os fundamentos sob os quais “está construída a convivência entre os homens e entre os povos? Qual o eixo e o coração que dão sentido à história dos homens e aos quais esta deve servir?”, reflecte, adiantando que a concepção da paz “ultrapassa a concepção demasiado redutora e concentrada no tema dos conflitos armados”. E fazendo menção às palavras de Bento XVI na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz, o Bispo de Leiria – Fátima refere que “a árvore da paz lança as suas raízes na dignidade de cada pessoa humana, criada à imagem de Deus; eleva o seu tronco nos direitos e deveres fundamentais de todos os homens; e adquire diversas ramificações em todos os âmbitos da vida humana em que desabrocham as flores e os frutos mais belos da paz”. “Quem não sabe respeitar o outro, nunca saberá o que é a paz”, sublinha D. António Marto que vê as “mortes silenciosas provocadas pela fome, pelo aborto, pela experimentação sobre os embriões e pela eutanásia” como ameaças à paz. “Aumenta a sensibilidade em relação à protecção das crianças, às condições dignas da maternidade, à igualdade de todos os seres humanos, à defesa e protecção do meio ambiente, também cresce em todo o mundo a rejeição da pena de morte e da tortura, como ainda agora acabamos de constatar na morte do ex-ditador iraquiano. Mas, paradoxalmente, assistimos à banalização crescente do aborto que provoca a morte silenciosa de um ser humano indefeso e inocente”, afirma o bispo de Leiria – Fátima, reflectindo como é possível que “uma cultura, que se reclama humanista, pôr a liberdade humana contra a vida humana? Porquê esta distinção discriminatória entre os seres humanos nascidos e os nascituros em gestação?”, adverte D. António Marto. O fenómeno do aborto como “chaga social” é sintoma de um “mal-estar mais profundo de cultura e de civilização, da própria sociedade”, adverte D. António Marto, “que reduz o conceito de vida humana a um mero produto ou material biológico e remete a sensibilidade moral para as fronteiras dos custos, do bem-estar, do conforto”. “A decisão de abortar é fruto de grandes sofrimentos e angústias constituindo “um verdadeiro drama para muitas mulheres, mas um drama não se responde com outro drama”. Pede antes uma resposta humana com base num “projecto solidário de recursos da sociedade civil e do Estado, para oferecer todo o cuidado, acolhimento e protecção de ordem social, económica e psicológica tanto ao filho em gestação como à mãe que o gera”, sendo a liberalização do aborto, “sob a forma encapotada de despenalização, não é a resposta digna e condigna, mas antes uma fuga para não atacar o problema nas suas raízes”. Notícias relacionadas Cultivar a Árvore da Paz